O que você faria se recebesse a notícia de que teria pouco tempo de vida?
A maioria das pessoas, talvez, entraria em desespero ou cairia em depressão profunda. Andy Whitfield tomou outro caminho: mergulhar em si mesmo para entender mais da própria existência e da morte iminente.
O galês radicado na Austrália foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin quando fazia um check-up antes de iniciar as gravações da segunda temporada da série Spartacus.
Esse tipo de câncer no sistema linfático é o mesmo enfrentado pelos atores Reynaldo Gianecchini e Edson Celulari, ambos curados.
O documentário Be Here Now (Estar Aqui Agora, em tradução livre), dirigido por Lilibeth Foster, e disponível na Netflix, mostra os últimos 18 meses de Whitfield.
Em 1h40 foram condensados os principais momentos do tratamento, da relação entre o ator e sua mulher, Vashti, e os dois filhos do casal, o apoio dos pais do artista, e a incursão do galã e sex symbol da TV por terapias alternativas.
Whitfield era um homem espiritualizado. Chegou a pensar em abandonar a medicina convencional para combater o linfoma apenas com acupuntura, yoga e ayurvédica.
O telespectador o acompanha numa viagem à Índia, onde ele procurou entender mais de si mesmo e passou por alguns procedimentos à base de banhos de ervas e massagens.
Numa consulta a um praticante da astrologia védica, ouviu que sua jornada poderia ser curta. Mas Andy sempre preferiu acreditar que venceria o câncer para ver os filhos crescerem e retomar a tão sonhada carreira.
O que se nota no documentário é um homem imensamente mais interessante do que os personagens que interpretou.
Uma pessoa com um encanto irresistível, capaz de fazer o público repensar a própria vida e torcer por um final feliz mesmo sabendo o triste desfecho da história real.
Whitfield foi guerreiro, assim como seu personagem mais famoso, Spartacus. A coragem de se expor em seus momentos finais engrandecem seu legado.
Impossível assistir ao documentário sem refletir a respeito de questões básicas, como a maneira que se aproveita a saúde, a importância de estar ao lado de quem se ama, a imprevisibilidade em relação ao dia de amanhã, a incontornável finitude humana.
Andy Whitfield morreu em 11 de setembro de 2011, aos 39 anos, nos braços da mulher que amou. Esse documentário o faz ganhar muito mais fãs do que já tinha.