Quando jovens, atrizes adoram o close-up. Ver seu rosto liso e firme encher a tela da TV ou do cinema. Após o surgimento das marcas indisfarçáveis do tempo, elas preferem a câmera mais distante – e filtros poderosos com efeito rejuvenescedor.
Não é o caso de Julia Roberts. Aos 56 anos, ela demonstra estar em paz com as rugas, os vincos, a flacidez e outros sinais estéticos da maturidade. É assim que se deixa mostrar em ‘O Mundo Depois de Nós’, filme em destaque na Netflix.
Quase sem maquiagem, a atriz presenteia o espectador com a beleza de seu envelhecimento. Raramente uma estrela se expõe com tanta liberdade aos olhos de críticos e do público.
Em um mundo com tantas pessoas exageradamente esticadas, algumas com aspecto assustador, ver uma mulher famosa com rosto natural serve de incentivo às anônimas para evitar os excessos da luta contra o avanço da idade.
“Estou envelhecendo com dignidade e calma”, disse à revista ‘Class’. “Sei que, para os padrões de Hollywood, estou arriscando minha carreira. Se eles não querem me dar um papel porque eu pareço velha, eu mesma produzo o projeto.”
Foi o que ela fez: Julia é uma das produtoras do filme sobre um misterioso ataque que paralisa os Estados Unidos. Entrega boa atuação na pele de uma publicitária cansada de criar estratégias para estimular as pessoas a comprarem mais, mais e mais.
O filme divide opiniões por deixar o final em aberto, porém, a presença magnética da atriz vencedora do Oscar por ‘Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento’ vale encarar as incoerências do roteiro.