Entre os 11 milhões de desempregados no Brasil há milhares de profissionais de imprensa. O mercado de comunicação vive uma de suas piores fases.
A recente demissão em massa na redação carioca da CNN Brasil aumentou a insegurança de quem trabalha em televisão. Quem serão os próximos chamados ao RH?
O canal lançado em março de 2020 não está em crise. O dono, Rubens Menin, figura entre os homens mais ricos do País (fortuna de R$ 6 bilhões) e sinaliza disposição de continuar a investir no projeto.
A questão é enxugar as despesas para se adequar aos novos tempos, com aumento relevante no custo das operações de TV e o impacto da instabilidade econômica nos investimentos dos anunciantes.
Uma emissora 100% focada em jornalismo tem maior dificuldade de fechar a conta — e, portanto, também alcançar lucro — do que um canal com boa parte da programação dedicada ao entretenimento.
A drástica redução das atividades na CNN Brasil no Rio tem a ver também com prioridades. Em ano de eleições, os maiores polos geradores de notícias (e que exigem mais verbas de produção) são Brasília e São Paulo.
O caso da Globo é parecido. Não falta dinheiro. O canal tem mais de R$ 10 bilhões em reservas e investimentos. As demissões fazem parte do processo de reestruturação do grupo.
A saída de vários medalhões do jornalismo com 20, 30, 40 anos de casa se explica com a meta de renovar o departamento. A cúpula decidiu inserir no vídeo repórteres mais jovens – e, oportunamente, com salário mais baixo.
Após as eleições e nas últimas semanas do ano deverão ocorrer mais dispensas em TVs. Uma desagradável tradição chamada debochadamente de ‘passaralho’ no meio jornalístico.