Na ampla repercussão na TV do vídeo com supostas influenciadoras ‘presenteando’ crianças negras pobres com banana e boneco de macaco, a abordagem feita por Hélio Beltrão destoou da maioria.
O comentarista conservador argumentou em ‘O Grande Debate’, na CNN Brasil, que não era possível confirmar o alegado racismo recreativo na atitude de mãe e filha que fizeram a trolagem postada em redes sociais.
“Legalmente, teria de se demonstrar que houve essa intenção (de discriminar racialmente). Para isso, a gente tem de ver o contexto completo. Não adianta ver um vídeo curto e chegar imediatamente a uma conclusão”, afirmou.
“Eu fiz o dever de casa, fui lá ver (no canal) o histórico completo delas de ajuda a pessoas vulneráveis. Ainda que haja a questão de ‘ah, elas estão fazendo isso para se promover’, mas acho que o exemplo arrasta. Elas fazem isso ajudando pessoas vulneráveis o tempo inteiro. (...) É possível que tenha acontecido sim (o racismo), mas é preciso ter a precaução. Socialmente, às vezes, a gente se precipita e condena.”
Ele disse ter pesquisado os perfis das acusadas e visto ‘brincadeira’ semelhante com uma pessoa branca. Por isso, não seria possível provar a discriminação racial na gravação polêmica com menores sem uma detalhada investigação. Sugeriu dar o “benefício da dúvida” às envolvidas.
Importante voz contra o racismo na mídia, a apresentadora Luciana Barreto não disfarçou o incômodo com a argumentação do comentarista de direita. Em um momento, chegou a se manifestar contra Beltrão.
“Eu tô me segurando aqui na cadeira porque não sou debatedora, mas você sabe, Hélio, que todo racista diz que não tem intenção, e o racismo recreativo é sempre esse, aparece em tom de brincadeira. Só que elas vivem no Brasil, a gente vê repetidos ataques a negros sempre utilizando a figura do macaco e da banana. Acontece nos estádios de futebol, nas lojas, em todo lugar”, desabafou.
O irmão de Maria Beltrão, do ‘É de Casa’, foi além em seu posicionamento controverso. Disse ver com bons olhos a “ajuda a vulneráveis” feita pelas influenciadoras que agora estão na mira da Polícia Civil e do Ministério Público.
Cabe aqui um questionamento do blog: oferecer uma banana, um bicho de pelúcia ou R$ 5,00 pode ser considerado um auxílio bem-intencionado da parte de um produtor de conteúdo que explora justamente essa condição social precária para ganhar audiência e faturar com a monetização nas plataformas digitais?
Outro comentário de Hélio Beltrão a respeito do ocorrido foi consensual entre os participantes do programa. Ele julga inadequado que crianças sejam expostas em trolagens em redes sociais sem autorização expressa dos pais ou responsáveis.