A cena vem causando indignação no México: durante um programa ao vivo, o apresentador tocou o seio da colega de trabalho depois de assediá-la abertamente por vários minutos.
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A mulher se queixou da agressão, mas o apresentador Enrique Tovar respondeu que "não foi nada". Tania Reza deixou o palco em seguida. "Não posso trabalhar assim", disse ela.
Olhando para a câmera, Tovar respondeu: "Desculpa, gente, acho que minha companheira está com os hormônios à flor da pele".
O programa é produzido por uma afiliada da emissora Televisa em Ciudad Juárez, no Estado de Chihuahua, no extremo norte do país, uma das localidades com o maior índice de violência contra mulheres em toda a América Latina.
O vídeo do assédio se tornou um dos mais vistos nas redes sociais pelos mexicanos. Por meio da hashtag #AssédioComHenriqueTovar, centenas de pessoas publicaram críticas à atitude do apresentador.
Demissão
A Televisa demitiu os dois apresentadores do programa, sob o argumento de que eles teriam encenado a situação de assédio sexual, e divulgou no portal YouTube um vídeo em que a apresentadora diz que "a verdade é que não tínhamos noção de até que ponto isso ia chegar, não houve assédio". Enquanto isso, seu colega Enrique Tovar solta uma gargalhada no vídeo. "A verdade é que somos amigos, e não houve qualquer assédio."
No entanto, horas depois, Tania Reza publicou um segundo depoimento em sua página no Facebook em que diz ter sido pressionada a isentar o colega.
"Lamentavelmente, existe nestas situações uma pressão por parte das empresas e uma obrigação de dizer (ou inclusive gravar) que sou a culpada, com outras pessoas lavando as mãos", afirmou ela na rede social.
"Que seja dita a verdade. Se me obrigarem a tirar isto do ar, ao menos, já o pus em minhas redes sociais."
“Conduta imprópria”
Em um comunicado, a Televisa disse que reprova qualquer tipo de assédio e reconheceu que Tovar "se comportou de forma imprópria em uma transmissão da televisão aberta".
"Se o que aconteceu no programa difere da primeira declaração de Tania Reza perante nosso departamento de recursos humanos, a exortamos a nos relatar para que possamos apoiá-la no processo de denúncia."
O Conselho Nacional para Prevenir a Discriminação (Conapred, na sigla em espanhol) disse que iniciará uma investigação.
A Secretaria de Governo disse que apoiará a apresentadora se ela quiser apresentar uma denúncia no Ministério Público de Chihuahua, que tem a obrigação de fiscalizar meios de comunicação que "fomentem a violência contras as mulheres".
Na página da apresentadora no Facebook, multiplicam-se os comentários com críticas e mensagens de apoio. Algumas pessoas dizem que tudo faz parte de uma "novela", enquanto outros pedem que mantenha sua denúncia, considerando o caso um exemplo do que acontece nas grandes emissoras do país.
"São muitos os que te apoiariam em denunciar algo assim", escreveu em mensagem a jornalista Katia D'Artigues. "Você fez bem em deixar o programa. Foi indigna a forma como te trataram, como ocorre com mulheres todos os dias. Mas, agora, denuncie que foi forçada a gravar (o depoimento desmentindo o assédio), se quiser ser consistente com este post."