Em televisão, as oportunidades são raras e seletivas devido à sufocante competição. Quando surgem, podem revelar grandes talentos, seja na dramaturgia ou no jornalismo.
Acontece com Ana Paula Campos, há 24 anos na Globo. Desde o ano passado, ela circula pela apresentação de telejornais gerados da capital paulista, como o ‘Hora Um’ e o ‘Bom Dia São Paulo’. No momento, cobre Alan Severiano no ‘SP1’.
A volta ao estúdio ocorreu quase 10 anos após o fim da edição diária do ‘Globo Rural’, comandada pela jornalista. Ela foi transferida da bancada para a reportagem.
Muitos profissionais de TV enxergariam essa transição como um rebaixamento inaceitável. Afinal, o trabalho duro na rua não gera o mesmo status da posição de apresentador. Ana Paula se mostrou superior a essa vaidade tão comum no telejornalismo.
Demorou, mas o retorno como âncora, ainda que na cobertura de férias e folgas, prova mais uma vez sua competência para conduzir noticiários ao vivo. O carisma e a boa dicção são qualidades que deixam o desempenho ainda melhor.
A mesma análise pode ser aplicada a Marina Franceschini, veterana na reportagem da GloboNews. Em meados de 2023, ela começou a ser testada como apresentadora depois de se destacar como comentarista. Aprovação imediata.
Está temporariamente à frente do ‘Estúdio i’, de Andréia Sadi. Já passou pelo ‘Conexão GloboNews’, ‘GloboNews Mais’ e outros telejornais. O grande trunfo é a agenda de fontes nos altos escalões de poder. Presenteia o público com informações em primeira mão.
Aliás, essa característica tem sido decisiva para definir permanências e demissões no jornalismo. Quem não traz notícias exclusivas perde pontos. A TV não precisa de jornalistas que apenas leem textos no teleprompter. Precisam, no mínimo, contribuir com análises pertinentes e dar voz ao telespectador.
Outro aspecto positivo de Ana Paula Campos e Marina Franceschini merece ser citado: ambas nunca tentam aparecer mais do que a notícia. Nada pior do que âncora exibicionista.