Professor de Gestão de Políticas Públicas da USP, Pablo Ortellado se uniu ao professor de Sistemas da Informação Marcio Moreto, da mesma universidade, para realizar uma pesquisa a respeito do bolsonarismo. O resultado foi publicado em ‘O Globo’.
Foram ouvidas 2.308 pessoas separadas em três grupos: bolsonaristas convictos (que continuam fiéis a Jair Bolsonaro, como na eleição de 2018), bolsonaristas arrependidos (declaradamente decepcionados com o presidente) e não bolsonaristas.
Uma das perguntas tem a ver com aquele que Bolsonaro considera seu maior inimigo na mídia. “Artistas da Globo não respeitam valores morais?”, questionaram os acadêmicos.
Entre os bolsonaristas ‘raiz’, 80% responderam “sim”. Na turma de arrependidos, 51%. Somente 29% concordaram no grupo dos não bolsonaristas.
A surpresa nesse quesito está nos 20% de bolsonaristas ‘roxos’ que não demonizam a influência dos famosos do canal da família Marinho. Estranhamente, apesar de atacarem a emissora dia e noite, não enxergam os globais como um risco aos ‘bons costumes’ da tradicional família brasileira.
A pesquisa perguntou também se “a grande imprensa é inimiga do povo”, assim como Jair Bolsonaro afirma repetidamente. Houve 76% de “sim” entre os eleitores leais ao presidente. Entre os arrependidos, 47%; e 35% no grupo dos não bolsonaristas.
Essa alta rejeição aos veículos jornalísticos não surpreende. Em todos os governos, da direita à esquerda, a imprensa profissional que divulga informações contrárias aos interesses de quem está no poder (e, às vezes, de seus apoiadores) sempre é hostilizada.