No Brasil, o sucesso pessoal é quase ofensa coletiva. Não há piedade com quem ousa reunir para si beleza, magnetismo, fama, popularidade e aparente felicidade.
Ao longo de Deus Salve Rei, trama das 19h da Globo encerrada na segunda-feira (30), Bruna Marquezine foi alvo fácil de críticos e ‘haters’. Desaprovaram sua interpretação, os atrasos para as gravações e as viagens para encontrar o namorado, Neymar.
A atriz, que é destaque na teledramaturgia desde os 8 anos, quando encantou o País ao interpretar a sofrida garota Salete em Mulheres Apaixonadas, teve o talento contestado pela primeira vez.
Chegou a ser julgada tão somente por ser uma super celebridade no Instagram (30 milhões de seguidores), como se tal influência fosse um demérito e incompatível com a arte da atuação.
Os ajustes em Deus Salve o Rei deram a Catarina, papel de Marquezine, o protagonismo absoluto. Uma vilã com voz, olhares, gestos e atos em sintonia com o obscurantismo proposto pelo folhetim medieval.
Acostumado a vê-la em papéis carismáticos, parte do público (e da imprensa) estranhou a composição rígida e áspera da personagem. Foi mais fácil depreciar do que tentar compreender.
Aos 22 anos, a artista se mostrou forte. Não sucumbiu aos ataques. Aprimorou a performance e fez de Catarina uma das melhores personagens de sua carreira. Foi a prova de fogo para o início da maturidade artística.
As últimas palavras da antagonista, ditas antes de ser enforcada em público no último capítulo, poderiam ser um desabafo da própria atriz: “Eu não me arrependo de nada. Faria tudo exatamente igual”.
Escreveu o dramaturgo irlandês Oscar Wilde: “O número dos que nos invejam confirma as nossas capacidades”. No final, a tropa de desafetos só fez bem a Bruna Marquezine: ela se fortaleceu na batalha e – perdoem-me pelo clichê – não perdeu a majestade.
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