As gravações da primeira versão de ‘Pantanal’, produzida pela TV Manchete, começaram em dezembro de 1989. O papel do fazendeiro Zé Leôncio na segunda fase foi dado ao ator Carlos Alberto.
Ele tinha 64 anos na época. Foi um dos maiores galãs do cinema e da teledramaturgia entre as décadas de 1950 e 1970. Estava animado em ser um dos protagonistas do folhetim rural.
Logo nos primeiros dias de gravações no Pantanal, ele entrou em atrito com a direção da novela. Segundo narrou a atriz Elaine Cristina, que interpretou Irma mais velha, o veterano teria reclamado de “coisas erradas” nos bastidores.
A situação se agravou ao ponto de Carlos Alberto ser dispensado e voltar deprimido ao Rio. Há três versões diferentes para a sua saída repentina do elenco.
Na primeira, o ator teria surpreendido a equipe ao dizer que não sabia montar a cavalo. A habilidade era imprescindível para desempenhar o papel de Zé Leôncio. Algumas cenas até poderiam ser feitas por um dublê, mas não todas. Por isso, teria sido cortado de ‘Pantanal’.
A segunda tem a ver com os conflitos atrás das câmeras. Por reclamar das condições de trabalho (a infraestrutura era precária e os artistas se hospedavam sem qualquer luxo), Carlos Alberto teria irritado os diretores e, consequentemente, mandado embora.
Na terceira versão, o galã sessentão teria sofrido uma queda do cavalo que o deixou ferido e sem ter como prosseguir imediatamente com as gravações. Acabou sendo tirado do elenco para que outro ator assumisse o papel.
O Zé Leôncio na maturidade foi interpretado por Cláudio Marzo, que já estava no Pantanal para gravar na pele do Velho do Rio. Ele topou o desafio de acumular os dois personagens.
Decepcionado, Carlos Alberto saiu da Manchete. Na Globo, fez as novelas ‘Salomé’ e ‘Sonho Meu’. Voltou ao canal dos Bloch em 1995 e emplacou alguns trabalhos de sucesso: ‘Tocaia Grande’, ‘Xica da Silva’ e ‘Mandacaru’.
Sua última aparição na TV foi em ‘Chocolate com Pimenta’, em 2003, na Globo. Morreu quatro anos depois, de câncer, aos 81 anos.
Nas horas finais, pediu que a notícia fosse divulgada apenas 1 mês depois do enterro. Partiu em sigilo, discreto como sempre foi em relação à vida privada. Não recebeu as homenagens públicas merecidas. Deixou viúva e uma filha.