A volta do remake de ‘Renascer’ traz à memória uma das atrizes com maior destaque na versão original da novela em 1993.
Obstinada a alfabetizar adultos, a professora Lu – carinhosamente chamada de professorinha na trama e pelo público – foi o melhor papel da carreira de Leila Lopes.
Dezesseis anos depois, ela foi encontrada morta em seu apartamento, no Morumbi, zona sul de São Paulo. Tinha 50 anos, dez a mais do que dizia à imprensa. Os últimos tempos haviam sido difíceis, sem trabalho na televisão.
Para pagar as contas, a artista aderiu à indústria pornô, caminho tomado por outros atores em ostracismo naquela época. Além de filmes com cenas explícitas, apresentou atrações voltadas ao tema da sensualidade na TV e na web, sem boa repercussão.
Ao lado do corpo de Leila, a polícia encontrou uma carta. Nela, a atriz explicou o ato extremo.
“Não chorem, não sofram, eu estou ABSOLUTAMENTE FELIZ!!! Era tudo o que eu queria: ter paz eterna com meu Deus e, se possível, com minha mãe. Eu não me suicidei, eu parti para junto de Deus”, escreveu.
“...não sou covarde não, fui uma guerreira, mas cansei. É preciso coragem para deixar esta vida. Saibam todos que tiverem conhecimento desse documento que não estou desistindo da vida, estou em busca de Deus”, diz outro trecho.
Leila Lopes se revelou triste com os efeitos do envelhecimento no corpo e na carreira. Para mulheres públicas, o avanço da idade traz junto o etarismo e, muitas vezes, o desprezo do mercado de trabalho e da mídia.
“Eu não quero envelhecer e sofrer. Eu vi minha mãe sofrer até a morte e não quero isso para mim. Eu quero paz! Estou cansada, cansada de cabeça! Não aguento mais pensar, pagar contas, resolver problemas... Vocês dirão: Todos vivem!!! Mas eu decidi que posso parar com isso, ser feliz, porque sei que Deus me perdoará e me aceitará como uma filha bondosa e generosa que sempre fui”, registrou em papel.
Seu corpo foi trasladado da capital paulista para Esteio, no Rio Grande do Sul, onde está enterrado no jazigo de sua família. Quem conheceu Leila Lopes guarda a lembrança de uma mulher doce e sorridente. Solteira, não teve filho.
Além de ‘Renascer’, a atriz mostrou versatilidade e magnetismo em produções como ‘Despedida de Solteira’ (1992), ‘Tropicaliente’ (1994), ‘O Rei do Gado’ (1996), ‘Hilda Furacão’ (1998) e ‘Marcas da Paixão’ (2000).
Atenção: em caso de sofrimento emocional, você pode ligar gratuitamente para 188. Os atendentes do CVV (Centro de Valorização da Vida) estão disponíveis 24 horas para conversar, sem julgamentos ou críticas, respeitando os sentimentos de quem procura ajuda. Busque tratamento especializado com psicólogo ou psiquiatra para garantir sua saúde mental.