Dona de inegável talento, Samantha Schmütz aparece mais na mídia pelas polêmicas provocadas por suas declarações contraditórias do que por sua obra artística. Lamentavelmente.
A mais recente foi questionar se a campeã do ‘BBB21’, Juliette Freire, é artista, em reação a uma fala da cantora sobre a importância de pessoas públicas assumirem posição política.
Como quase sempre acontece quando há repercussão negativa instantânea, Schmütz apagou o post – e esse recuo apenas piorou o que já estava ruim. As redes sociais ficaram ainda mais alvoroçadas.
Sim, Juliette é artista. Não por ser uma ex-participante de reality show. Trata-se de uma cantora. Ainda não está pronta, mas demonstra dom, vocação, executa repertório condizente com sua personalidade e história de vida, e busca melhorar sua performance.
Samantha acerta o questionamento, porém, erra o alvo. Compreende-se a inquietação da atriz com ‘personalidades de mídia’ que se dizem artistas sem nem ter qualquer formação acadêmica tampouco um trabalho profissional na área.
Há incontáveis figuras assim, que se autodenominam atriz ou ator, apresentadora ou apresentador, humorista, modelo... Oportunistas, apoderam-se do ofício alheio sem nenhum pudor a fim de conseguir autopromoção fácil, fama, status, dinheiro, privilégios etc.
Schmütz talvez esteja ressentida por não conseguir o mesmo reconhecimento público – aplausos intermináveis, amplo espaço na imprensa, fã-clube numeroso, cachês altos – do que alguns artistas novatos, como Juliette, e subcelebridades que esticam infinitamente os tais 15 minutos de fama profetizados por Andy Warhol.
Com 43 anos de idade e 25 de carreira, a atriz jamais foi tratada como uma estrela, mesmo após a façanha de conseguir sua própria e bem-sucedida franquia cinematográfica, ‘Tô Ryca’. Ela atua, canta, dança, faz humor e drama. Uma artista de Broadway. E, assim como várias divas antigas de Hollywood, morre pela boca.
Já cometeu ‘sincericídio’ algumas vezes. Por questões ideológicas, criticou colegas de TV como Juliana Paes. Em 2021, chegou a ter a conta do Instagram desativada depois de disparar posts agressivos contra famosos que descumpriam o protocolo contra a covid-19.
Em outra postagem, usando um vídeo de culto evangélico na Câmara dos Deputados, ela foi irônica ao dizer que o Brasil está se tornando uma teocracia talibã como o Afeganistão. Samantha Schmütz não tem filtro nem freio. Dá a cara a tapa para dizer o que pensa.
Agora, mais uma vez, gera manchetes que jogam holofotes em outra pessoa – e a deixam sob o julgamento impiedoso do tribunal da internet. Poderíamos destacar sua música recém-lançada ‘Segredo’, com belo clipe dirigido pelo premiado Giovanni Bianco, mas estamos a repercutir mais uma controvérsia efêmera e tão menos importante do que sua produção artística.
Aliás, um ‘feat’ entre Samantha Schmütz e Juliette Freire seria agradável de ouvir. Duas mulheres fortes, com estilo musical peculiar, que nadam contra a corrente para conquistar o próprio território. Apesar da fama com origens diferentes, são igualmente merecedoras do sucesso.