As vilãs se tornaram os melhores papéis na teledramaturgia. A maioria dos noveleiros se deixa seduzir por uma boa malvada, enquanto torce o nariz para as mocinhas monótonas.
Em ‘Família é Tudo’, interessante ‘dramédia’ que ocupa a faixa das 19h da Globo, Jéssica é uma jovem obcecada pelo encantador Luca (Jayme Matarazzo). Para ficar com ele, comete armações e crimes contra Electra (Juliana Paiva).
No papel da jovem víbora, Rafa Kalimann sofre críticas e ironias por sua atuação. O tratamento nas redes sociais chega a ser desrespeitoso. Parte da imprensa embarcou na onda de ‘hate’ em busca da audiência fácil gerada por matérias negativas sobre celebridades.
Ao considerar que a atriz é novata e sua personagem exige uma interpretação com várias camadas emocionais, o desempenho é verossímil. As hesitações de Kalimann em cena acabam servindo a Jéssica, que oscila de humor e confiança a todo instante.
Os melhores momentos dela na trama são as sequências de dissimulação com a rival Electra, quando usa o carisma natural a fim de que sua personagem pareça simpática e confiável.
O magnetismo de Rafa é inquestionável, tanto que a levou a ser vice-campeã no ‘BBB20’. O autor de ‘Família é Tudo’, Daniel Ortiz, pode aproveitar mais essa qualidade intrínseca que não se ensina em nenhuma escola de atores.
Merecem mais cuidado as cenas de explosão emocional, complexas até para veteranos. Nestas situações, a atriz precisa ter mais controle da entonação da voz. Melhor apostar numa frieza minimalista do que em grandes gestos e expressões faciais. Espelhar-se no comportamento de narcisistas pode surtir efeito.
Nota-se explícita má vontade de muita gente com Rafa Kalimann. Ela é alvo de intolerância por ter ficado famosa como influenciadora, ser ex-BBB e apresentado um programa que não agradou no Globoplay. A melhor resposta aos ‘haters’ é se dedicar ao estudo da arte dramática para aprimorar o talento.