William Bonner ficou alguns dias fora do ‘Jornal Nacional’ por conta de uma torção no pé. Foi substituído por Alexandre Garcia e Heraldo Pereira.
Coincidentemente, o afastamento aconteceu numa semana quente para o telejornalismo: a divulgação e repercussão dos áudios bombásticos (e vexatórios) que levaram Joesley Batista e Ricardo Saud para a cadeia.
Ainda que Garcia e Pereira sejam jornalistas competentes, não possuem a personalidade de âncora que a bancada do ‘JN’ exige.
Dono de humor sarcástico, Alexandre até se sai bem no formato descontraído adotado pelo telejornalismo da Globo. Conduz o telejornal com leveza.
Já Heraldo perde a espontaneidade de repórter quando vai para o estúdio e apresenta as notícias de maneira quase burocrática, sem o dinamismo necessário.
Bonner comanda o ‘Jornal Nacional’ desde abril de 1996. Em setembro de 1999 tornou-se também editor-chefe, função desempenhada até hoje. Na prática, ele decide o que será noticiado e de qual maneira.
O apresentador se destaca nas diferentes posturas exigidas pelo telejornal: sério ao ler e comentar notícias sobre política, economia e violência; brincalhão diante de manchetes curiosas e ao interagir com a outra âncora, Renata Vasconcellos, e com Maria Júlia Coutinho, da previsão meteorológica.
Bom de improviso e sempre concentrado na pauta para eventualmente inserir comentários, ele não é refém do teleprompter – aparelho acoplado à câmera, no qual são lidos os textos.
Aos olhos do público, o jornalista demonstra absoluto domínio em relação à engrenagem do telejornal, fazendo-se parte essencial da mesma e também da rotina de milhões de lares brasileiros.
Apesar dos ataques à Globo por parte de quem contesta a imparcialidade do canal, Bonner continua sendo uma referência de credibilidade para a maioria dos telespectadores do ‘JN’.
E nele há outra característica marcante: o carisma. Mas apresentador de telejornal precisa ser carismático?, pode questionar o leitor.
Sim, passou a ser uma qualidade relevante desde que o telejornalismo abandonou a figura do apresentador robótico e sem qualquer vínculo emocional com o público.
Além do mais, o atual todo-poderoso do ‘Jornal Nacional’ se mostrou hábil na comunicação com os jovens da internet.
Aos 53 anos, ele é o ‘tio’ do Twitter, com quase 11 milhões de seguidores no microblog. Caso converta parte dessa ‘galera’ em telespectadores do ‘JN’ será uma façanha valiosa.
“Ninguém é insubstituível”, dizia Roberto Marinho, fundador da Globo. Mas, hoje, não é possível imaginar o principal jornalístico de sua emissora sem a presença marcante de William Bonner.
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