Autora de novela bíblica afirma que foi demitida da Record por não se converter

Paula Richard disse que outros profissionais da casa também foram desligados por não se converterem à Universal; Record nega acusação

31 mai 2023 - 16h18
Paula estaria pedindo uma indenização de cerca de R$5,6 milhões
Paula estaria pedindo uma indenização de cerca de R$5,6 milhões
Foto: Divulgação/ RecordTV

A escritora Paula Richard, responsável pela novela Jesus, da Record, decidiu processar a emissora. A autora alegou que ela e vários colegas teriam sido vítimas de preconceito religioso no canal de Edir Macedo, que também é uma das lideranças da Igreja Universal. A emissora nega. 

Segundo o site Notícias da TV, Paula estaria pedindo uma indenização de cerca de R$ 5,6 milhões. O site também divulgou trechos do processo em que ela aponta suposta intolerância religiosa de Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, que atua como diretora de dramaturgia.

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Como base para a alegação de que foi demitida por não seguir a religião de Macedo, Paula anexou ao processo falas de colegas que passaram pela mesma situação. Segundo a autora, Emílio Boechat, Camillo Pelegrini, Joaquim Assis e Cristianne Fridman deixaram a emissora por não aceitarem se converter. 

Um dos depoimentos usados foi o de Emílio, que criticou a Record publicamente em 2021, quando Cristiane Cardoso e a Universal passaram a comandar a produção de novelas. 

"O que esperar de uma emissora que entregou a dramaturgia nas mãos de amadores, cujo compromisso é apenas divulgar os dogmas de uma igreja específica? Tenho pena dos atores e demais profissionais que se submetem a essa humilhação porque precisam do dinheiro", disse Boechat.

A defesa da escritora argumentou que a saída dos profissionais citados era fruto de intolerância religiosa de Cristiane Cardoso, que, nas palavras da defesa, tenta "formar sua 'nação cristã'".

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"[Cristiane] retirou todos os roteiristas de outras denominações religiosas e segue substituindo outros profissionais da cadeia do audiovisual, com base em parâmetros idênticos. Todos esses funcionários, como noticiou a mídia, foram substituídos por membros da Igreja Universal", alega.

A autora também afirmou que sempre respeitou todas as crenças e que tentou fazer novelas religiosas sem foco especifico em uma igreja, mas foi impedida. "Evidente que a autora nutre profundo respeito pela denominação religiosa dos donos da emissora em que laborou por tantos anos, mas esse respeito não foi recíproco", dizia um trecho do documento. 

Roteiros de novelas 'corrigidos'

Segundo o site Notícias da TV, a filha de Edir Macedo corrige, em segredo, os roteiros das produções bíblicas da Record nos bastidores desde 2015. A diretora seria responsável por garantir a qualidade dos textos e certificar que eles estejam de acordo com a ideologia da Universal.

Ainda no processo, Paula afirmou que mantinha uma boa relação com os membros da Universal, exceto com Cristiane. Para a autora, a filha do bispo sempre desejou manter autores alinhados com a ideologia pregada pelo pai. 

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"Esse aspecto é ainda mais evidenciado quando se verifica que todos os roteiristas profissionais que trabalhavam na Record e não são membros da Igreja Universal foram demitidos. Hoje, somente a Sra. Cristiane Cardoso e membros da referida Igreja escrevem e atuam como roteiristas da Record", detalhou o documento.

Record nega acusações 

Em nota enviada à imprensa, a Record TV negou as acusações. A emissora afirma que é contra qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa.

Leia a nota na íntegra: 

"A Record TV vem a público declarar que é contra qualquer tipo de intolerância, inclusive a religiosa. Portanto, o Grupo Record anuncia que tomará todas as providências judiciais necessárias com relação a acusação sofrida hoje."

Fonte: Redação Terra
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