O primeiro mês da novela das 21h da Globo, ‘Renascer’, rendeu média de 26 pontos no Ibope. Índice acima das antecessoras, porém, acanhado na comparação com novelas do pré-pandemia, com médias gerais entre 30 e 38 pontos.
A telenovela do horário mais nobre ainda é a atração televisiva mais vista no país, mas perdeu parte relevante de sua força. Deixou de repercutir como antes no boca a boca e não é mais o principal entretenimento doméstico de milhões de famílias.
O mesmo acontece com outros produtos bem-sucedidos, a exemplo do ‘Big Brother Brasil’. As edições mornas e esquecíveis são mais frequentes do que as temporadas empolgantes e até fenomenais, como o ‘BBB21’ vencido por Juliette Freire.
Todos os gêneros de programas enfrentam dificuldade de reinvenção. Ao se tornar repetitivos, decepcionam o público. Nos últimos anos, o ‘MasterChef Brasil’, da Band, sofre queda gradual de audiência.
Ainda é interessante, mas ao não surpreender perde a fidelização de antigos telespectadores. Do outro lado, está preso a um formato que não pode ser tão descaracterizado. Difícil apresentar algo novo sem fugir da velha cartilha.
No caso das novelas, faltam histórias menos óbvias e personagens mais carismáticos. Com escassez de autores experientes, a Globo investe pesado em remakes sem ter a garantia do resultado. Funcionou com ‘Pantanal’ e ‘Ti Ti Ti’, falhou com ‘Elas por Elas’ e ‘Guerra dos Sexos’, entre outros exemplos.
Os reality shows fascinam menos porque os competidores entram sem autenticidade, decididos a interpretar um papel. A ausência de criatividade em dinâmicas e provas também frustra.
Com inúmeros concorrentes em diferentes plataformas, o ‘MasterChef’ se tornou igualmente previsível. E, assim, a TV aberta em geral está mergulhada na mesmice, fortalecendo a ousadia na programação de canais pagos e plataformas de streaming – e também estimulando a troca da televisão pelo celular, onde há sempre novidade a cada deslize de tela.