Nayara deixou o ‘Big Brother Brasil 18’ com um recorde indesejável: maior rejeição em Paredões triplos de todas as edições do reality show: 92,6%.
Ao deixar a casa, a quarta eliminada desta temporada disse ter ido “longe demais” na competição – nem tão longe assim para quem desejou ver um negro na final do programa.
“Eu gostaria muito de ver um dia um preto vencendo esse ‘BBB’, ou que consiga chegar mais perto”, declarou a jornalista ao votar em Mahmoud para a formação do segundo Paredão.
O discurso foi bastante criticado nas redes sociais. Falar a respeito de questões raciais no Brasil se tornou quase tão delicado quanto debatê-las nos Estados Unidos da era Trump.
Defensora do movimento negro, Nayara quis usar a imensurável visibilidade oferecida pelo ‘Big Brother’ para reivindicar maior valorização da população negra brasileira.
Mas, no fim, envolveu-se em tantas discussões banais e fofocas na casa que o objetivo principal foi ofuscado.
Chegou a reprimir Viegas, a quem disse proteger por ele ser negro, porque o brother usou uma bandana escondendo parte do rosto. Para a jornalista, uma imagem que remete a bandido.
Em vários momentos, Nayara tentou racionalizar demais o jogo e esqueceu de se divertir – e entreter quem ela deveria buscar como aliado, o telespectador.
“Esse é meu jeito, assim que eu sou”, disse a Tiago Leifert. “Não me arrependo de nada. Estou contente pela oportunidade.”
Com quase nenhum senso de humor, a paulista de 33 anos tentou inserir um ativismo intelectualizado no ‘BBB’.
Faltou habilidade e carisma (característica esta que ela tanto afirmou ter) para fazer o público absorver e apoiar seu discurso excessivamente cerebral e potencialmente polêmico.
O ponto positivo é que sua passagem pelo reality show fugiu dos estereótipos da mulher negra já vistos repetidamente na atração, como a negra engraçada escalada para fazer rir ou a negra sensual que reforça a ideia da objetificação do corpo feminino negro.
Com a eliminação de Nayara, Viegas poderá ganhar mais espaço na edição para comentar a realidade da ‘quebrada’, como costuma dizer. O rapper tem um discurso de inclusão racial mais compreensível.