8 anos sem Hebe: não surgiu sucessora, talvez nunca haverá

O avanço do tempo ressalta o valor artístico da saudosa grande dama da televisão brasileira

29 set 2020 - 09h50

Passava do meio-dia do sábado, 29 de setembro de 2012, quando a vinheta do plantão do SBT Brasil interrompeu a programação. “Hebe Camargo morreu hoje de madrugada de parada cardiorrespiratória”, informou a repórter Patrícia Rocha. “A apresentadora Hebe Camargo lutava contra um câncer no peritônio e estava sob cuidados médicos. A rainha da televisão brasileira havia acabado de acertar a volta ao SBT.”

Hebe na estreia no SBT, em 4 de abril de 1986: vestido icônico e sorriso inconfundível da mais carismática apresentadora de TV de todos os tempos
Hebe na estreia no SBT, em 4 de abril de 1986: vestido icônico e sorriso inconfundível da mais carismática apresentadora de TV de todos os tempos
Foto: Reprodução

O retorno à emissora do coração, onde reinou por 24 anos (de abril de 1986 a dezembro de 2010), não foi concretizado, mas serviu como último presente para a grande dama da TV. Em suas últimas horas de vida, ela festejou a sonhada reestreia no canal onde se consagrou ao atingir o primeiro lugar de audiência várias vezes, superando a poderosa Globo. Não teve tempo de pisar novamente nos estúdios de Silvio Santos, porém deve ter partido feliz por pertencer novamente ao SBT, sua casa.

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Muito antes de a doença que a matou surgir, uma pergunta tilintava no universo da televisão: quem será a futura Hebe? A apresentadora foi inúmeras vezes questionada a respeito. A imprensa insistia para que ela nomeasse uma sucessora. A estrela apontava talentos, dizia-se admiradora desta e daquela, mas nunca indicou oficialmente uma herdeira de seu microfone e do sofá. Na mídia, falou-se em Eliana, Marília Gabriela, Adriane Galisteu, Astrid Fontenelle, Patrícia Abravanel, Ana Hickmann.

A apresentadora encantava com seu carisma, o figurino luxuoso, as joias ofuscantes, a alegria de viver
Foto: Reprodução

A minissérie Hebe, que terá seu último episódio exibido nesta quinta-feira, dia 1, na Globo, fez os fãs antigos relembrarem e revelou às novas gerações que ela foi muito mais do que apresentadora de entretenimento. Fez-se uma das mais importantes vozes do País na luta contra preconceitos e a corrupção sistêmica na política. Enfrentou a Censura da ditadura militar e o corporativismo parlamentar na redemocratização. Mesmo sendo parte da elite e conservadora em alguns aspectos, deu imensurável contribuição a pautas progressistas.

Jamais, antes e depois dela, houve outra comunicadora tão destemida, ousada e engajada. Nem se viu em uma única apresentadora tamanha explosão de sentimentos diante das câmeras: da alegria marota ao choro de emoção ou revolta, da empatia à fúria em defesa do povo. Os arquivos de TV e os vídeos disponíveis na internet provam que o estilo, o humor e o discurso de Hebe Camargo não envelheceram. Mesmo ausente, a maior dama da comunicação brasileira continua relevante, inigualável, insubstituível. O trono está vazio, e pelo visto assim permanecerá.

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