Nas últimas semanas, a mídia repercutiu ameaças contra a vida de dois jornalistas de TV.
O repórter Carlos de Lannoy, da Globo, foi atacado no Instagram após matéria no Fantástico a respeito dos agentes do Exército que metralharam o carro de um inocente, no Rio. O motorista morreu.
O agressor disse que o jornalista e a família dele iriam “pagar com a vida” por “defender bandido” e mexer com o Exército.
Guga Chacra, comentarista da GloboNews em Nova York, se tornou alvo no Twitter. “Quero ver você morto a paulada”, escreveu um usuário do microlog, aleatoriamente.
O âncora do Brasil Urgente, José Luiz Datena, já perdeu a conta de quantas mensagens intimidadoras recebeu por defender ações policiais e, eventualmente, criticar policiais com má conduta.
Esses três exemplos corroboram os índices do levantamento feito pela organização não-governamental de direitos humanos Artigo 19 em relação à violência contra jornalistas no Brasil.
Em 2018 foram 35 casos, mesmo número de 2012 e 2015, e um crescimento de 35% na comparação com 2017.
Registrou-se 26 ameaças, 1 sequestro, 4 tentativas de homicídio e 4 assassinatos.
As principais vítimas foram jornalistas (17 profissionais). Depois, radialistas (12 casos), blogueiros (4) e proprietários de veículos de comunicação (2).
Criticar os jornalistas faz parte da liberdade de expressão e opinião. É algo aceitável – e até saudável – na esfera democrática. Quem trabalha na imprensa não está acima do bem e do mal.
O problema é quando o direito de contestar vira um ato criminoso. Calúnia, difamação e ameaça são delitos previstos no Código Penal.
Carlos de Lannoy e Guga Chacra acionaram as autoridades contra quem os intimidou.
Hoje, os crimes virtuais não ficam impunes – e uma resposta contundente precisa ser dada para evitar que esse tipo de delinquência se torne corriqueira.