“O bom jornalista tem que vencer seus medos”, disse a inglesa Christiane Amanpour, mais famosa e respeitada jornalista de política da TV mundial.
Nas coberturas de guerra e entrevistas em seu programa na CNN, ela sempre demonstra destemor ao buscar a verdade dos fatos e contestar as figuras mais poderosas em evidência.
A mesma coragem é demonstrada por Rachel Sheherazade. Na TV, a âncora do SBT Brasil foi proibida de dizer o que pensa depois de algumas repercussão ruidosas. O politicamente correto calou sua voz diante das câmeras.
Na internet, ela aproveita a liberdade de produzir o próprio conteúdo para analisar, criticar e até desabafar.
Os vídeos de seu canal no YouTube abordam temas bombásticos pouco valorizados no telejornalismo.
Os mais recentes: a relação perigosa entre religião e poder, a vaidade excessiva de integrantes da Lava Jato e a radicalização contra o aborto.
Sheherazade apresenta argumentos ao emitir opinião. Não é uma polemista em busca de mais visibilidade.
Demonstra interesse verdadeiro em contribuir para o debate de ideias – algo cada vez mais raro em uma época de disseminação proposital de ‘fake news’ e verdades pretensamente absolutas.
A sobrevivência do telejornalismo está, em parte, na atuação de profissionais como Rachel, que vão muito além de apenas noticiar.
Quando um telejornal entra no ar, a maior parte dos telespectadores já soube das principais manchetes pelo celular.
Caberia aos programas oferecer o desdobramento dos fatos. Aí entrariam as análises e opiniões fundamentadas, sem risco à imparcialidade.
No Brasil, inexplicavelmente, a maioria das emissoras ainda prefere a abordagem convencional da notícia e, de quebra, censura os âncoras.
Grandes jornalistas são reduzidos a meros leitores de textos burocráticos no teleprompter.
Aqueles que não se acomodam nesse papel figurativo têm a internet como via de expurgação.
Sheherazade se destaca por fazer isso de peito aberto, sem se deixar amedrontar pelo implacável tribunal online e a legião de haters.
Independentemente de compartilhar ou não a mesma visão da jornalista, há que respeitar sua iniciativa.
O jornalismo televisivo precisa de mais gente assim, capaz de tirar o telespectador brasileiro da letargia e fazê-lo se posicionar a respeito dos maiores problemas do País.
Ninguém precisa de jornalistas confortavelmente protegidos atrás de bancadas.