Amordaçada na TV, Sheherazade usa a web para opinar sem medo

Âncora do SBT Brasil dá a cara a tapa, coleciona haters e ressalta a falência do jornalismo chapa-branca

25 jun 2019 - 15h53

“O bom jornalista tem que vencer seus medos”, disse a inglesa Christiane Amanpour, mais famosa e respeitada jornalista de política da TV mundial.

Rachel Sheherazade tem sido apontada como futura contratada do canal CNN Brasil, com estreia prevista no segundo semestre
Rachel Sheherazade tem sido apontada como futura contratada do canal CNN Brasil, com estreia prevista no segundo semestre
Foto: Twitter / Reprodução

Nas coberturas de guerra e entrevistas em seu programa na CNN, ela sempre demonstra destemor ao buscar a verdade dos fatos e contestar as figuras mais poderosas em evidência.

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A mesma coragem é demonstrada por Rachel Sheherazade. Na TV, a âncora do SBT Brasil foi proibida de dizer o que pensa depois de algumas repercussão ruidosas. O politicamente correto calou sua voz diante das câmeras.

Na internet, ela aproveita a liberdade de produzir o próprio conteúdo para analisar, criticar e até desabafar.

Os vídeos de seu canal no YouTube abordam temas bombásticos pouco valorizados no telejornalismo.

Os mais recentes: a relação perigosa entre religião e poder, a vaidade excessiva de integrantes da Lava Jato e a radicalização contra o aborto.

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Sheherazade apresenta argumentos ao emitir opinião. Não é uma polemista em busca de mais visibilidade.

Demonstra interesse verdadeiro em contribuir para o debate de ideias – algo cada vez mais raro em uma época de disseminação proposital de ‘fake news’ e verdades pretensamente absolutas.

A sobrevivência do telejornalismo está, em parte, na atuação de profissionais como Rachel, que vão muito além de apenas noticiar.

Quando um telejornal entra no ar, a maior parte dos telespectadores já soube das principais manchetes pelo celular.

Caberia aos programas oferecer o desdobramento dos fatos. Aí entrariam as análises e opiniões fundamentadas, sem risco à imparcialidade.

No Brasil, inexplicavelmente, a maioria das emissoras ainda prefere a abordagem convencional da notícia e, de quebra, censura os âncoras.

Grandes jornalistas são reduzidos a meros leitores de textos burocráticos no teleprompter.

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Aqueles que não se acomodam nesse papel figurativo têm a internet como via de expurgação.

Sheherazade se destaca por fazer isso de peito aberto, sem se deixar amedrontar pelo implacável tribunal online e a legião de haters.

Independentemente de compartilhar ou não a mesma visão da jornalista, há que respeitar sua iniciativa.

O jornalismo televisivo precisa de mais gente assim, capaz de tirar o telespectador brasileiro da letargia e fazê-lo se posicionar a respeito dos maiores problemas do País.

Ninguém precisa de jornalistas confortavelmente protegidos atrás de bancadas.

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