Em um jogo no qual você pode se tornar seu pior inimigo, Sarah ‘morreu pela boca’ por falar demais. A manifestação de simpatia por Jair Bolsonaro (“Eu gosto dele”), a postura anti-impeachment e as declarações polêmicas sobre a pandemia, associadas ao negacionismo bolsonarista, foram determinantes para sua eliminação com alto índice de rejeição, quase 77%.
Curiosamente, seu principal concorrente no paredão, Rodolffo, a quem ela considerava um aliado, é um eleitor declarado de Bolsonaro (fez vídeo de apoio ao então candidato à Presidência) e tem posições conservadoras a respeito de alguns temas — comentários críticos ou debochados a respeito do gay assumido Gilberto e do hétero desconstruído Fiuk o fizeram ser chamado de homofóbico nas redes sociais.
O antibolsonarismo que foi determinante para a saída de Sarah não atinge o cantor sertanejo com a mesma fúria. A campanha on-line feita por vários artistas, influenciadores e ativistas progressistas, pedindo a eliminação de Rodolffo, não surtiu efeito. Ele teve apenas 22% dos votos, índice mais baixo do que indicavam as principais enquetes. Difícil entender essa disparidade.
Contra Sarah se abateu a ‘tempestade perfeita’. Ela foi rotulada de bolsonarista em momento de baixa na popularidade do presidente e chamada de negacionista quando se registrou aumento assustador de contaminações e mortes por covid-19 (suas frases contra o isolamento social e minimizando a pandemia repercutiram muito mal). O momento decisivo de seu paredão ocorreu em meio a uma crise institucional envolvendo Bolsonaro e a cúpula das Forças Armadas, com amplo ruído nas redes sociais.
A Globo fez o possível para deixar a política do lado de fora do BBB21, porém foi derrotada. Os conflitos ideológicos que geram brigas em família, rupturas de amizades e embates na internet conseguiram entrar na casa mais isolada do País. O discurso politizado de alguns brothers e sisters escaparam do controle da edição. Sarah acabou julgada — e punida — não apenas por suas atitudes de jogadora, mas também pelo lado que representa na guerra política que divide o Brasil.
Veja também: