A mídia gosta de um bate-boca, um ‘climão’, um fogo amigo. Por isso, a rusga entre Gerson Camarotti e Demétrio Magnoli na edição de sexta-feira (1) do ‘Em Pauta’ viralizou. A imprensa ecoou a discordância e a irritação demonstrada por ambos quando o tema em discussão eram as aglomerações de fim de ano nas praias.
Camarotti criticou duramente os ‘furões’ dos protocolos de prevenção da covid-19. Magnoli contestou a demonização de quem passou os últimos meses enfrentando transporte público lotado para ir ao trabalho, sem chance de distanciamento social, e foi curtir uns dias de folga no litoral.
Argumentos à parte, o que se viu foi um saudável debate. O confronto de ideias é raridade na GloboNews. A maioria dos jornalistas e analistas da emissora tem pensamento semelhante, o que gera redundância. Muitas vezes, o que se vê é um excesso de coleguismo nos programas com espaço para debate.
Quando há divergência, quem vai na contramão quase se desculpa por apresentar o contraditório — recurso desejável na prática do jornalismo profissional. Mesmo em tempos de radicalismo ideológico, com nítida visão de certo e errado, ética e imoralidade, o discurso plural se faz necessário. O telespectador merece diversidade de opiniões.
Depois da ressonância do bate-boca ao longo do fim de semana, Gerson Camarotti não apareceu mais no ‘Em Pauta’. Alguns telespectadores estranharam o sumiço. O próprio jornalista avisou no Twitter sobre o início de suas férias. Volta ao ar em 25 de janeiro.
Demétrio Magnoli continua a bater cartão no telejornal noturno. Sua contestação na semana passada o tornou mais popular na internet. Afinal, trata-se de uma voz discordante a respeito de alguns temas importantes em contraponto ao pensamento homogêneo dominante na GloboNews.
