Por volta das 23h de sábado (30), a GloboNews transmitia ao vivo a imagem de um manifestante negro, sem camisa, sendo detido por policiais em protesto antirracista nos Estados Unidos quando a apresentadora Leila Sterenberg supôs que o rapaz tivesse "batendo carteira" no meio dos ativistas. Logo ela se corrigiu, dizendo ter feito uma avaliação "apressada" da imagem.
Conduzir uma cobertura ao vivo, sob tensão, é um dos maiores desafios a um jornalista de TV. Trabalha-se de improviso, com informações desencontradas. Mas isso não justifica recorrer a deduções baseadas em execráveis estereótipos. Jornalista profissional não pode supor aleatoriamente: ou tem certeza sobre o fato e o personagem, ou é melhor se calar até conseguir a confirmação do que pressupõe.
Por seu histórico na GloboNews, pode-se afirmar que Leila Sterenberg não agiu baseada em preconceito. Foi um momento infeliz. O registro de tal equívoco se faz relevante não para constranger ou julgar, e sim como exemplo de falha recorrente no telejornalismo: a conclusão insensata.
Minutos depois, quando a mesma imagem da imobilização policial do homem desconhecido foi reprisada, a apresentadora afirmou desconhecer o motivo da detenção.
Vale destacar que, enquanto Leila Sterenberg ancorava a cobertura direto do estúdio da GloboNews no Rio, as repórteres Candice Carvalho e Carolina Cimenti e o repórter-cinematográfico Alex Carvalho transmitiam imagens ao vivo dos epicentros das manifestações em Nova York. Um excelente trabalho de campo em meio ao caos e aos riscos inerentes, não só de virar alvo de violência como também de contaminação pelo novo coronavírus por conta da aglomeração de pessoas.