Todo mundo sabia que Reynaldo Gianecchini se relacionava com mulheres e homens. Mas o ator só confirmou isso publicamente agora, em entrevista à revista Ela, de O Globo, como resposta pessoal ao recrudescimento da intolerância e do reacionarismo no País.
“Já tive, sim, romances com homens e acho que é esse o momento de dizer isso”, anunciou ao ser entrevistado pela repórter especial Ruth de Aquino.
“Demorei para falar porque isso esbarra sempre no tamanho do preconceito no Brasil. Mas agora é importante reafirmar a liberdade, por mim e por quem enfrenta repressão.”
A atitude de Gianecchini, 46 anos, tem imensurável valor por se tratar de um dos mais bem-sucedidos artistas da televisão brasileira. Lançado no ano 2000 como galã na novela Páginas da Vida, de Manoel Carlos, ele se tornou instantaneamente o ‘namoradinho do Brasil’.
Sempre coerente e equilibrado em suas declarações públicas, o ator possui (e exerce) relevante influência na vida de quem acompanha sua carreira e a rotina de celebridade. Entre Instagram e Facebook, são mais de 8 milhões de seguidores.
Vê-lo se despir do temor imposto pelos preconceituosos e levantar a voz pela garantia do respeito à individualidade pode encorajar muita gente a enfrentar a atual onda conservadora de cabeça erguida, sem vergonha de ser quem se é.
O intérprete do vilão redimido Régis na novela A Dona do Pedaço não está sozinho: outros galãs da TV e do cinema decidiram abrir o jogo a respeito da própria sexualidade a fim de enviar um recado à patrulha anti-LGBT: “Sou bi, e daí?”
Protagonista de Malhação – Toda Forma de Amar, Pedro Alves, 26 anos, comentou abertamente sobre o assunto logo que foi apresentado à imprensa, antes do início da atual temporada. “Namoro meninos e meninas”, disse.
Conhecido por ter vivido o elfo Trandhuil em O Hobbit, Lee Pace, 40 anos, confirmou ser bi em entrevista à revista W. “Sim, eu já me relacionei com homens e mulheres.”
Andrew Garfield, 36, que foi o Homem-Aranha em dois filmes da franquia hollywoodiana, afirmou não ter preferência sexual: se sente atraído pelos dois sexos. “Amor é amor. Pele é pele, carne é carne. Nós todos somos revestidos da mesma coisa.”
Até pouco tempo, a maioria dos homens famosos gays ou bissexuais preferia se manter no armário a fim de evitar o julgamento moral e possíveis prejuízos à carreira. Temia-se que o estigma ‘ator gay’ afastasse bons papéis e parte dos fãs. Outro medo: a perda de contratos publicitários.
Hoje, as emissoras de TV, os estúdios de cinema e os grandes anunciantes na mídia são os primeiros a defender a diversidade sexual e condenar a homofobia.
Mas ainda há um longo caminho ser percorrido. É raro ver um ator assumidamente homossexual ou bi estrelar uma novela ou um filme no papel principal – e quem se coloca fora da heteronormatividade vira um alvo fácil de ataques cruéis nas redes sociais.