Nos últimos dias, vários veículos da imprensa especializada em TV e famosos repercutiram a atitude esnobe da atriz Lidi Lisboa durante coletiva de apresentação da macrossérie Jezabel, com estreia marcada para o dia 23, na RecordTV.
Sem fazer esforço para forjar simpatia, a artista de 34 anos provocou mal-estar entre jornalistas e a própria equipe de divulgação da emissora. Formada, aliás, por profissionais competentes e dedicados ao ofício.
Lidi teve o clássico comportamento de estrelismo. Em sua primeira oportunidade como protagonista de uma produção de TV, ela parece ter sido picada pela ‘mosca azul’, expressão que faz alusão a quem se afoga em pequenos poderes e acaba dominado pelo deslumbramento.
A origem desta construção idiomática está em um poema de Machado de Assis a respeito de um plebeu que perdeu a sanidade mental ao se embriagar com a fama e a riqueza.
Isso acontece frequentemente no meio artístico, especialmente entre atores não tão populares, como é o caso de Lidi Lisboa. Apesar de já ter quase 20 anos de carreira televisiva, a atriz passa despercebida nas ruas. Não possui status de estrela.
Essa chance em Jezabel pode oxigenar sua trajetória artística e atrair outros bons papéis. Esperava-se, portanto, que ela estivesse feliz com a visibilidade oferecida pela imprensa – o que se viu, para espanto geral, foi tédio e má vontade no trato com os jornalistas. De quebra, desrespeito com a emissora da qual é contratada e que investiu milhões na produção caprichada.
Atores são especialistas na arte do fingir (jornalistas também são ótimos fingidores, registre-se). Mesmo cansada ou com problemas pessoais, Lidi Lisboa deveria usar seu talento para cumprir a missão de propagar Jezabel com a dedicação que se espera de uma líder de elenco.
Ao colocar-se num pedestal de arrogância, a atriz produziu uma catástrofe para a RecordTV: inúmeras matérias negativas que, ao invés de focar na trama da macrossérie, destacaram sua postura cabotina. Trata-se de um prejuízo imagético incalculável para o canal.
A história nunca mente: muitos atores tomados pelo estrelismo em momentos especiais da carreira acabaram em desgraça, ou seja, foram atirados à decadência após o uso incoerente do ápice. Não é uma praga, e sim constatação.
Essa relação tensa entre Lidi Lisboa e a imprensa durante o evento de lançamento de Jezabel exemplifica o lado nada glamouroso do jornalismo de entretenimento.
Não é incomum surgirem atritos. Atores e repórteres são, no fundo, inimigos íntimos interdependentes. Há uma guerra de egos pouco percebida pelo público. O pior: ninguém sai vitorioso dessa fogueira de vaidades.