Atrizes polemizam com versões lésbica e trans de Jesus

A representação do filho de Deus sempre gera protestos ao fugir da imagem histórica

9 jul 2020 - 12h44
(atualizado às 12h51)

Quando a arte se apropria de símbolos sagrados inevitavelmente suscita polêmica. Foi assim com a ópera rock Jesus Cristo Superstar, o filme épico A Paixão de Cristo, o especial do Porta dos Fundos para a Netflix, A Primeira Tentação de Cristo. A controvérsia fica ainda mais evidente quando o papel de um ícone masculino como Jesus é assumido por uma mulher, seja ela cis ou trans.

Ao fundo, Paris Jackson; à frente, Renata Carvalho e Jo Clifford: ousadia e militância transexual ao interpretar Cristo
Ao fundo, Paris Jackson; à frente, Renata Carvalho e Jo Clifford: ousadia e militância transexual ao interpretar Cristo
Foto: Divulgação

A filha de Michael Jackson, Paris Jackson, virou alvo de críticas por interpretar uma versão lésbica de Jesus Cristo em Habit, filme dirigido por Bella Thorne, ex-atriz da Disney que entrou para a indústria do cinema pornô. No longa, o Cristo vivido pela filha do inesquecível Rei do Pop desperta fetiche na protagonista. O roteiro que mostra um Jesus feminino e envolvido em desejo sexual lésbico foi acusado por milhares de americanos de promover o "lixo cristofóbico". Uma petição com mais de 400 mil assinaturas exige que o longa seja suspenso ou boicotado.

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Consternação semelhante foi produzida pela atriz transexual inglesa Jo Clifford. Quando ela escreveu o monólogo God's New Frock (A Nova Vestimenta de Deus, em tradução livre) ainda se apresentava como homem. A trama sobre um transexual tentando se aceitar e ser respeitado pela sociedade foi decisivo para que a artista desse início ao processo de transição de gênero. A experiência rendeu outro espetáculo, The Gospel According to Jesus, Queen of Heaven (O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu), onde a atriz interpretou um Cristo que reencarna como trans. Apesar de incontáveis protestos, a produção fez sucesso em vários festivais de teatro mundo afora, inclusive em cidades brasileiras.

Esse texto acabou ganhando uma montagem nacional com a atriz transexual Renata Carvalho no papel de Jesus. A associação entre a principal imagem do Cristianismo e a diversidade de gênero gerou cancelamentos de sessões sem aviso prévio e até uma liminar judicial impedindo a encenação da peça no Sesc de Jundiaí, interior de São Paulo. "Foi censura ao corpo trans", disse Renata. A atriz foi bastante aplaudida ao se apresentar como Jesus trans em palcos da Europa.

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