Sempre espirituoso e sarcástico, Aguinaldo Silva deve estar gargalhando à toa. Dispensado pela Globo após 40 anos criando novelas e séries para o canal, o autor vê a edição especial de Fina Estampa, escrita por ele em 2011, superar a audiência de vários folhetins inéditos exibidos nos últimos anos.
De 23 de março até agora, a trama das rivais Griselda (Lília Cabral) e Tereza Cristina (Christiane Torloni) marca média de 33.5 pontos no Ibope. Três acima de Amor de Mãe, interrompida após a suspensão das gravações devido à pandemia de covid-19.
Fina Estampa já atraiu mais público do que oito das quinze novelas produzidas desde sua exibição original, incluindo Segundo Sol (33.3 pontos), A Lei do Amor (27.1) e Velho Chico (29). Superou inclusive as últimas duas produções do próprio Aguinaldo Silva: O Sétimo Guardião (28.7 pontos) e Império (32.7 pontos).
Na esteira desse desempenho positivo vieram críticas ao texto da novela. Inúmeras postagens nas redes sociais acusaram Fina Estampa de ser excessivamente rocambolesca (com intermináveis clichês), apresentar efeitos visuais toscos e supostamente fazer apologia de homofobia, transfobia e submissão feminina.
O autor acompanha a polêmica de camarote. Respondeu aos ataques com ironia: “Os 50 milhões de espectadores que a veem deviam ser proibidos de gostar tanto da reprise da novela”, escreveu no Twitter. Aos 77 anos, o ganhador de dois Emmy não quer saber de aposentadoria. Provando que há vida fora da Globo, prepara uma série a ser produzida em 2021. Para qual canal ou plataforma? Ele faz mistério, por enquanto.