Quando Mariana Godoy foi anunciada como nova contratada para o Aqui na Band, logo surgiu uma questão nos bastidores do canal e também entre jornalistas: como a apresentadora progressista, que até já foi rotulada como de esquerda, vai se relacionar com Luís Ernesto Lacombe, representante da direita e do bolsonarismo na mídia?
A emissora do Morumbi deu a resposta: não haverá interação alguma. Lacombe e o diretor do programa, Vildomar Batista, foram afastados. Godoy assumirá o comando da revista matinal ao lado de outro jornalista ainda não anunciado. O Aqui na Band deixará de ser um espaço pró-Bolsonaro, com pautas de promoção do conservadorismo.
É o capítulo final de uma guerra que uniu Lacombe e Vildomar contra a cúpula do jornalismo da casa, insatisfeita com a linha editorial. Enquanto o programa sofre reformulação para reestrear com novos âncoras e conteúdo menos politizado serão exibidas reprises. Há pouco mais de um ano no ar, o Aqui na Band raramente marca média de audiência acima de 1 ponto.
Ex-Globo, Luís Ernesto Lacombe se projetou no canal da família Saad ao assumir posição ideológica conservadora. Por sua defesa enfática da polícia e do armamento da população, ele teve debates acalorados com a então colega Silvia Poppovic. Quando ela se afastou do estúdio por precaução ao novo coronavírus (foi demitida pouco depois), o programa se tornou ainda mais pró-direita.
Na RedeTV!, Mariana Godoy chegou a ser hostilizada no Twitter por eleitores conservadores pouco antes de entrevistar Jair Bolsonaro na campanha de 2018. Eles a enxergavam como "apresentadora de esquerda" que poderia tentar "prejudicar" o candidato. Em outro momento, a jornalista declarou não ser "petista nem coxinha".
Com a maior parte da carreira construída em telejornais da Globo e GloboNews, Godoy se reinventou ao comandar seu talk show na RedeTV! por fazer perguntas incômodas (e necessárias) a políticos de todas as doutrinas. Sua contratação deve gerar pluralidade ao Aqui na Band, para revolta dos telespectadores de direita.