A 19ª edição do Big Brother Brasil presta um deplorável desserviço à sociedade brasileira.
Não repercute pelo jogo em si, e sim pelas declarações de flagrante intolerância de alguns competidores.
A bacharel em direito Paula fez alegações consideradas racistas e amplamente criticadas nas redes sociais.
Em uma ocasião, contou ter se surpreendido por um criminoso “não ser um faveladão, mas um branquinho”.
Sua fala deu a entender que, na visão dela, todo bandido é, preliminarmente, de pele escura.
Um de seus piores momentos foi quando disse ter medo do ator e sociólogo Rodrigo, negro e adepto de religião de matriz africana.
“Ele fala o tempo todo desse negócio de Oxum deles lá”, reclamou.
Alertada de que poderia ser vista como preconceituosa, ela piorou a própria situação ao se colocar, religiosamente, em posição superior. “Nosso Deus é maior.”
Episódios atrás, a mineira voltou a polemizar dentro e fora da casa do BBB. “Eu sou negra”, declarou, para espanto de quem estava por perto.
“Porque minha avó é negra”, tentou explicar Paula, sem convencer.
A questão racial e a intolerância de crença voltou a suscitar a revolta de parte relevante do público com Maycon.
O vendedor de queijos relatou ter se sentido mal, com “arrepios”, ao ver Rodrigo e Gabriela, ambos negros, cantando e dançando “umas músicas muito estranhas”.
Uma das canções tocadas foi Identidade, composta e gravada pelo sambista Jorge Aragão.
A letra aborda o preconceito racial. O refrão diz: “Se o preto de alma branca pra você / É o exemplo da dignidade / Não nos ajuda, só nos faz sofrer / Nem resgata nossa identidade”.
Após ver Rodrigo e Gabriela simplesmente exaltando a própria negritude, Maycon disse ter ouvido vozes.
“Escutei: ‘Não faça igual a eles’. Aí veio Jesus Cristo na minha mente... Se você fazer (sic) igual eles, eles ganha (sic) mais força.”
Na madrugada desta segunda-feira (11), o ex-modelo voltou a polemizar. Insinuou que Gabriela poderia ter feito um “trabalho” para que Isabella adoecesse. Por “trabalho” entenda-se magia espiritual com o intuito de prejudicar alguém.
Além de ter graves problemas com a língua portuguesa, Maycon é lembrado por ter contado, em tom de deboche, que praticava zoofilia na adolescência. Alguns colegas de confinamento ficaram chocados com tal revelação.
Nos últimos dias, milhares de internautas se mobilizaram para exigir uma posição da direção do BBB e da Globo.
A hashtag #BastaDeRacismoNoBBB chegou ao topo do Trending Topics do Twitter. Muitas mensagens foram enviadas pelo microblog ao diretor geral da atração, Boninho.
Em uma edição pobre em entretenimento, com predomínio do marasmo, o que se oferece ao telespectador é um show de ignorância e discriminação – consciente e inconsciente.
Por enquanto, a emissora se omite, como quase sempre acontece em situações semelhantes.
A Globo tem extrema e incompreensível dificuldade de reagir rápido em casos assim.
Baseado no sectarismo de certos participantes, o ofuscado BBB19 caminha para se tornar um dos piores de todos os tempos.
Veja também: