Pedro Bial é unanimidade no jornalismo. Todos os colegas de profissão o admiram por sua inteligência, cultura e carisma. Possui virtude valiosa: ao contrário de vários âncoras de talk show, ele nunca quer aparecer mais do que o entrevistado. Mas até as unanimidades erram.
Na noite de quarta-feira (14), em participação no ‘Manhattan Connection’, da TV Cultura, o apresentador sempre tão elegante foi desrespeitoso ao fazer piada sobre Lula. “Tem algum convidado que não vai ao seu programa? Todo mundo quer ir ao seu programa”, comentou Lucas Mendes.
“O Lula, ele até já disse que gostaria de fazer o programa comigo, mas aí tinha que ser ao vivo. Pode até ser ao vivo, mas aí teria que ter um polígrafo acompanhando todas as falas dele”, respondeu Bial, irônico. Os jornalistas da bancada riram.
Polígrafo é o aparelho conhecido como ‘detector de mentiras’, usado pela polícia de alguns Países em interrogatórios e por certos programas de TV para verificar a autenticidade do que diz determinado convidado. Ao citá-lo, Bial deu a entender que Lula costuma mentir em entrevistas.
O episódio repercutiu imediatamente por conta do tom arrogante da declaração. Um apresentador ou jornalista de TV não deve assumir o papel de julgador a fim de sentenciar se o entrevistado mente ou diz a verdade. Esse recurso deve ser deixado aos programas popularescos, com pouca ou nenhuma credibilidade.
A missão do âncora de um talk show jornalístico é conseguir boas declarações, sejam verdadeiras ou falsas, de quem está diante dele. O julgamento moral cabe ao público de casa. E, na situação absurda de se usar um polígrafo em cena, todos os entrevistados, sem exceção, deveriam ser submetidos ao teste, em nome da tão propagada imparcialidade.
Afinal, como garantir que alguém, por melhor reputação que tenha, diz 100% verdade sobre tudo ao se colocar diante de uma câmera de TV?