Em 2015, o jornalista Fernando Rodrigues, hoje diretor de redação do portal Poder360, acionou a Lei de Acesso à Informação para saber da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) o quanto a TV Globo havia recebido de verba publicitária federal nos anos anteriores.
Na ocasião, a soma dos oito anos da Presidência de Lula (2013-2010) e dos quatro do primeiro mandato de Dilma Rousseff (2011-2014) resultaram em R$ 6.241 bilhões pagos à emissora carioca por espaços em seus intervalos. Aplicando a média do período nos dois anos do segundo mandato de Dilma, até seu afastamento e consequente impeachment, chega-se a cerca de R$ 7 bilhões destinados à Globo no período em que o PT comandou o Brasil.
Ainda que essa quantia impressione, representa apenas metade do faturamento do Grupo Globo em um único ano. A maior companhia de mídia do País possui emissoras de TV e rádio, jornais, revistas, empresas de TV por assinatura, produtora de cinema, gravadora, entre outros negócios. Em 2019, somente a TV Globo faturou R$ 9,7 bilhões, mais do que todo o montante dos governos Lula e Dilma ao canal.
Na média, a verba de publicidade oficial (Presidência, ministérios e estatais) representava entre 4% e 5% do faturamento da emissora. Essa participação se tornou menor na gestão de Jair Bolsonaro. Passou de 39% do total investido pelo governo em publicidade na televisão para 16%, queda de 60% na comparação entre 2018 (sob a administração de Michel Temer) e 2019 (primeiro ano do mandato de Bolsonaro). Esse corte foi uma promessa de campanha do atual presidente, que vê a Globo como seu grande inimigo na mídia e trava batalha pessoal contra a emissora.
O mercado publicitário estima que, entre o ano passado e o final de 2020, a Globo receberá aproximadamente R$ 400 milhões a menos de verba governamental em relação aos dois anos anteriores. Esse valor faz falta a qualquer empresa, porém não afetará as operações do canal líder em audiência. A TV fundada por Roberto Marinho em 1965 busca o equilíbrio financeiro com corte de gastos e a criação de novas fontes de receitas, como a venda online de conteúdo.
De acordo com o ranking BrandZ Brasil 2020, divulgado em setembro, a Globo é a sexta marca mais valiosa do Brasil. Vale US$ 3.295 bilhões, o equivalente a R$ 18,5 bilhões na cotação de segunda-feira (5). A emissora tem conseguido atrair investimentos de grandes anunciantes mesmo com retração de 30% no mercado publicitário no primeiro semestre devido à pandemia de covid-19.