Demorou, mas aconteceu. Jair Bolsonaro — símbolo internacional do negacionismo em relação à pandemia de covid-19 — foi infectado. O próprio presidente comunicou o resultado positivo do exame a equipes da RecordTV, CNN Brasil e EBC, autorizadas a entrar no jardim do Palácio da Alvorada no final da manhã desta terça-feira (7).
Durante a pequena coletiva, os repórteres e cinegrafistas ficaram a menos de 1,5 metro do presidente, distanciamento mínimo recomendado pelas autoridades de saúde. Bolsonaro tirou a máscara ao longo da conversa. "Esse vírus é como uma chuva", disse o chefe do Executivo. "Vai atingir você."
Na Globo, a âncora do Jornal Hoje, Maju Coutinho, entrou em rede por volta de 12h15 para dar a notícia. Reinaldo Gottino abriu espaço para a informação no Balanço Geral da RecordTV. Outros canais também repercutiram imediatamente. A CNN Internacional destacou o desdém do presidente com a letalidade da covid-19 e a defesa enfática que faz do tratamento com hidroxicloroquina.
A BBC News usou o termo "gripezinha" popularizado pelo presidente ao minimizar o risco da doença. O canal britânico também ressaltou uma declaração do irlandês Mike Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências da Organização Mundial da Saúde, ao comentar a contaminação de Jair Bolsonaro. "Acho que a mensagem para todos nós é: somos vulneráveis a esse vírus", disse o médico que aparece quase diariamente nos telejornais brasileiros.
No francês CNews, âncoras debateram a respeito da saúde do presidente brasileiro, de 65 anos. Lembraram que ele foi submetido a várias cirurgias em consequência do atentado a faca sofrido na campanha eleitoral de 2018. A emissora jornalística frisou que no Brasil o número de mortos passa de 65.000 e a pandemia parece não ter sido controlada.
Bolsonaro com covid-19 era o que parte da imprensa brasileira e estrangeira aguardava ansiosamente noticiar. Havia certa incredulidade em relação ao resultado negativo dos exames anteriores. O telejornalismo chamava atenção diariamente para o fato de o presidente não seguir as recomendações básicas de prevenção, como usar máscara o tempo todo em público e evitar aglomerações. Sejamos sinceros: muitos jornalistas não disfarçavam a torcida para que Bolsonaro se contaminasse.
Nos próximos 14 dias, o monitoramento de cada passo do presidente será ainda mais intenso. A pandemia de covid-19 no Brasil ganha um novo capítulo midiático. Não faltarão manchetes. Há expectativa de crescimento de audiência dos telejornais.