Corajosos ou bajuladores? As opiniões se dividem sobre a visibilidade valiosa que José Luiz Datena (Brasil Urgente, Band), Ratinho (Programa do Ratinho, SBT) e Sikêra Jr. (Alerta Nacional, RedeTV!) oferecem a Jair Bolsonaro. Eles estão entre os poucos apresentadores com audiência relevante que manifestam algum apoio ao presidente.
Nas últimas semanas, abriram espaço em suas atrações para que o chefe do Executivo defendesse, ao vivo, sua posição polêmica em relação à política de enfrentamento da pandemia de covid-19 no País. Datena, Ratinho e Sikêra se tornaram uma espécie de 'três mosqueteiros' de Bolsonaro na televisão, em referência ao trio de combatentes que defendem o rei Luís XIII da França no romance histórico homônimo de Alexandre Dumas.
O adjetivo 'corajoso' se aplica por conta da queda na popularidade de Bolsonaro: defendê-lo na TV passou a exigir destemor de críticas e da possível perda de público. Datena, Ratinho e Sikêra demonstram não ter preocupação com eventuais consequências negativas. Os três são conhecidos pela transparência — e a verborragia irrefreável — diante das câmeras.
Mas há quem os acuse de serem aduladores por poupar Bolsonaro de questionamentos contundentes a respeito dos erros e das controvérsias de sua gestão da crise no sistema de saúde e na economia por conta do caos produzido pelo novo coronavírus. Na visão dos descontentes, o trio aplica o jornalismo chapa-branca, ou seja, promove o líder do governo federal na TV sem contestá-lo ou dar espaço ao contraditório.
Neste momento de baixa no índice de aprovação, Jair Bolsonaro precisa do arrimo proporcionado pelo Brasil Urgente, Programa do Ratinho e Alerta Nacional. Juntos, esses programas atraem diariamente para frente da TV cerca de 4 milhões de cidadãos somente na Grande São Paulo, principal área de aferição da empresa Kantar Ibope. Um índice indispensável a quem precisa ampliar a comunicação com os tele-eleitores a fim de reabilitar a imagem política.
Enquanto isso, o presidente joga mais gasolina na relação explosiva com a Globo. Bolsonaro já desafiou o âncora e editor-chefe do Jornal Nacional, William Bonner, para um debate olho no olho, mas até agora foi ignorado. Sempre que pode, ele lança provocações contra a emissora onde é criticado cotidianamente em quase todos os telejornais. Os tiros têm saído pela culatra: cresceu a audiência do jornalismo do canal 'inimigo'.