Na noite de domingo (26), após duas tentativas frustradas de fazer uma transmissão ao vivo em rede social, Jair Bolsonaro iniciou a terceira live com uma reclamação. "Já determinei aqui que a internet do Alvorada não pode ser desse padrão que está aí. O presidente da República tem que ter esse instrumento para poder trabalhar", informou, contrariado.
A seguir, o presidente começou a falar de reportagem do Fantástico a respeito das denúncias lançadas pelo agora ex-superministro Sergio Moro contra ele. "A matéria foi apresentada pelo senhor Vladimir Netto, filho da Miriam Leitão, cuja esposa trabalhava até pouco tempo como assessora de imprensa DAS 6 do senhor Sergio Moro no Ministério da Justiça. Acho que só isso aqui já dá para..." A partir daí, a imagem e o áudio começaram a travar, impossibilitando compreender o que Bolsonaro dizia. Segundos depois, a transmissão foi encerrada abruptamente.
A esposa do repórter Vladimir Neto, Giselly Siqueira, trabalhou como assessora de comunicação no Ministério da Justiça entre janeiro e julho de 2019, quando se demitiu. Dedicado à cobertura política em Brasília, Vladimir escreveu o livro Lava Jato - O Juiz Sergio Moro e os Bastidores da Operação que Abalou o Brasil. A obra lançada em 2016 recebeu elogios do então juiz-símbolo contra a corrupção no Brasil. Comentarista de economia na Globo e GloboNews, Miriam Leitão é uma voz crítica ao governo Bolsonaro. Essas informações explicam por que o presidente citou os três de maneira pejorativa: ele os considera desafetos.
A reportagem de Vladimir Netto no Fantástico não apresentou novidades. Repetiu as acusações feitas por Moro contra o presidente no bombástico pronunciamento de demissão, na sexta-feira (24), e mostrou o mesmo print de celular revelado pelo Jornal Nacional de conversa do então ministro com Bolsonaro.