Menos de 24 horas depois do final da totalização dos votos do primeiro turno, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) apareceram no Jornal Nacional. Foi a primeira entrevista exclusiva de ambos a uma emissora de TV na campanha do segundo turno.
Por link (transmissão ao vivo a distância), cada um deles falou por cerca de 6 minutos, uma visibilidade valiosa no telejornal de maior audiência do País.
Na semana passada, de 1º a 6 de outubro, o JN marcou média de 28 pontos no Ibope. Este índice representa quase 6 milhões de telespectadores na Grande São Paulo, a cada edição, e é maior do que a audiência dos programas do horário político e do próprio debate presidencial na emissora.
Primeiro a ser entrevistado, por ordem de sorteio, Haddad foi questionado pela âncora e editora-executiva Renata Vasconcellos. O clima foi amistoso, diferentemente da tensão registrada na participação do petista na série de entrevistas na bancada do Jornal Nacional, no final de agosto.
“Queria agradecer Renata, Bonner, a oportunidade de reiniciar o segundo turno na presença de vocês, podendo conversar com o eleitor e com a eleitora”, declarou o ex-prefeito de São Paulo, cordial, sem cumprimentar o ex-presidente Lula, como o fez anteriormente.
Em seguida, o âncora e editor-chefe William Bonner fez as perguntas a Jair Bolsonaro. O deputado federal também evitou confrontar os apresentadores e a emissora, como aconteceu durante sua presença no estúdio do JN na sabatina com os principais candidatos à Presidência: “Boa noite, Bonner. Boa noite, Renata. Boa noite brasileiros”.
Os dois presidenciáveis mantêm uma relação tumultuada com a Globo. Bolsonaro já declarou pretender reduzir a verba publicitária do governo federal destinada ao Grupo Globo, do qual faz parte o canal. Ele se diz perseguido por seu telejornalismo.
O PT de Haddad empunhou a bandeira ‘Globo golpista’ ao acusar a emissora de ter apoiado o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O partido defende a regulação da mídia para desfazer monopólios e oligopólios na área da comunicação. Em outras palavras, evitar que uma mesma empresa seja dona de TV, jornal, rádio, portal de notícias e outras plataformas, assim como acontece com o grupo da família Marinho.
Mesmo com tantas reservas em relação à todo-poderosa Globo, Bolsonaro e Haddad não desperdiçam as oportunidades de aparecer no Jornal Nacional. Trata-se de uma vitrine importante tanto para a direita quanto para a esquerda. A cobertura diária que o telejornal faz da corrida ao Palácio do Planalto é uma publicidade indispensável a quem precisa conquistar votos.
Resta saber se esse aparente armistício de Bolsonaro e Haddad com a Globo será mantido quando um eles assumir o comando do Brasil.
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