Nesta semana, duas sequências de tramas da Globo a respeito de homossexualidade suscitaram discussões nas redes sociais e viraram manchete na imprensa.
Em ‘Orgulho e Paixão’, produção de época das 18h30, o mecânico Luccino (Juliano Laham) desabafou a respeito de sua orientação sexual em conversa com o irmão heterossexual, Ernesto (Rodrigo Simas).
Ao ser questionado sobre uma suposta moça por quem estaria interessado, Luccino decidiu admitiu que o seu desejo é, na verdade, por um rapaz (no caso, o soldado Otávio, interpretado por Pedro Henrique Müller). Temeroso pela reação de Ernesto, Luccino se adiantou. “Se você não quiser me aceitar, eu entendo. Não posso mais mentir pra mim nem pra ninguém”, desabafou. “Você me odeia? Tem vergonha de mim?”
“Basta um tempo para a ideia descer”, respondeu o irmão machão. “Desceu”, completou, segundo depois. E aí o personagem disse um texto que foi reproduzido em inúmeros perfis de telespectadores no Facebook e no Instagram: “Nunca deixe ninguém diminuir você por ser quem você é. Nem dizer quem você deve ou não amar... Isso só o coração da gente pode dizer, só ele”. Emocionados, os irmãos se abraçaram.
Após a exibição da cena na TV, Rodrigo Simas postou uma mensagem no Instagram: “Você, que tem preconceito, e seja ele qual for, PARE e reflita o seu RESPEITO. É lamentável que ainda hoje, em 2018, milhões de pessoas sofram a consequência de julgamentos inaceitáveis. Vamos evoluir”. O post teve mais de 1,8 milhão de visualizações até a inclusão deste texto do blog.
Apesar do interesse mútuo, Luccino e Otávio vivem um romance clandestino, marcado por medo e culpa. Nem sequer se beijaram ainda. Prevê-se que isso aconteça em breve na trama criada por Marcos Berstein.
Já em ‘O Tempo Não Para’, das 19h30, o enfoque sobre a condição homossexual foi cômico. Numa sequência em uma loja, Zelda (Adriane Galisteu) tentou explicar para Marocas (Juliana Paiva), uma recatada donzela congelada em 1886 e descongelada no presente, que ela poderia se trocar sem constrangimento na frente do vendedor Igor (Leo Bahia). “Amor, ele é poc! Poc, poc!”, disse a estilista, usando a gíria do meio LGBTTI+ para se referir a um homossexual assumidíssimo.
Marocas não entendeu, obviamente. “Ele é gay!”, reafirmou Zelda. A jovem do século 19 entendeu que Igor era apenas ‘alegre’, tradução literal da palavra inglesa gay. Foi necessário ser mais explícito para esclarecer a situação: “Ele gosta de homem”. A herdeira da família Machado Sabino se espantou. Igor apressou-se em alertar a cliente para não agir com preconceito: “Homofobia é crime”.
A essa altura, a frase “Cadê a Poc?”, dita por Zelda para chamar o vendedor, já circulava pelas redes sociais. Viralizou instantaneamente, promovendo na web a comédia surrealista criada por Mário Teixeira.
No momento, todas as quatro novelas exibidas na Globo – a reprise de ‘Belíssima’ no ‘Vale a Pena Ver de Novo’ e as inéditas ‘Orgulho e Paixão’, ‘O Tempo Não Para’ e ‘Segundo Sol’ – têm personagens gays.