Os dois vídeos promocionais de Órfãos da Terra, exibidos nos intervalos da Globo, cumprem o que se propõem: contar o básico da trama principal e instigar o interesse do telespectador.
O enredo inicialmente ambientado na Síria em guerra gira em torno do triângulo formado pelo capanga romântico Jamil (Renato Góes), a altruísta Laila (Julia Dalavia) e a vilã egocêntrica Dalila (Alice Wegmann).
Jamil está comprometido com Dalila, mas se apaixona por Laila, uma das esposas do poderoso sheik Aziz Abdallah (Herson Capri), pai de sua noiva.
Ao invés de ser o carrasco de Laila, o rapaz se apaixona por ela e os dois fogem para o Brasil.
Aí tem início uma trajetória de perseguição, encontros e desencontros, vingança e reconstrução de vida em uma nova terra.
Uma chamada de 1 minuto e 20 segundos, narrada pelos próprios personagens, conta essa interessante premissa com beleza cinematográfica.
Outro vídeo, mais curto, explora o valor da mistura de culturas e da interação entre pessoas de diferentes origens. Em destaque, a importância do amor, da amizade e de se sentir protegido onde se vive.
Essa eficiente promoção de Órfãos da Terra suscita algo cada vez mais raro: a vontade de acompanhar uma novela com atenção.
O brasileiro ainda consome muitas horas de teledramaturgia por dia, mas sem o mesmo entusiasmo de anos atrás, quando as produções de ficção exibidas diariamente eram assunto obrigatório nas prosas entre parentes e amigos.
A farta oferta de séries criativas nos canais pagos e nos serviços de streaming, vistas quando a pessoa quiser, enfraqueceu o formato engessado da novela de longa duração.
É cada vez menor o número de telespectadores com paciência para, religiosamente, ver capítulo após capítulo de folhetins com roteiro repetitivo.
Com fama planetária por conta de suas novelas, a Globo tem enfrentado episódios de baixa qualidade dramatúrgica.
Na faixa das 18h30, a ser ocupada por Órfãos da Terra a partir do início de abril, não tem um grande sucesso de público desde Êta Mundo Bom!, de 2016, com média de 27 pontos de audiência.
A novela atual que abre o horário nobre, Espelho da Vida, está com o pior índice desde sempre, 17 pontos.
Sua trama com idas e vindas entre o presente e uma encarnação anterior, com protagonistas nada carismáticos, não agradou ao público.
Órfãos da Terra é escrita por Thelma Guedes e Duca Rachid, autoras de sucessos como O Profeta (2006-2007) e Cordel Encantado (2011), esta última reapresentada no momento, com bons índices, no Vale a Pena Ver de Novo.
Outra parceria entre as novelistas, Joia Rara (2013-2014), não teve desempenho satisfatório no Ibope, porém ganhou o Prêmio Emmy Internacional de melhor telenovela.
A dupla de dramaturgas é conhecida pela inventividade ao lidar com os clichês novelescos.
Espera-se que elas consigam cativar quem se sente órfão de boas novelas.
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