No fim da tarde de sábado (23), o programa CNN Newsroom, da CNN International, exibiu matéria de quase cinco minutos a respeito do agravamento da pandemia do novo coronavírus no Brasil.
O correspondente internacional Nick Paton Walsh, famoso por coberturas de guerras, surgiu ao vivo na tela para interagir com a âncora Ana Cabrera, presente no estúdio em Atlanta, Geórgia.
Quem conhece São Paulo logo identificou o local escolhido para o link do jornalista: próximo ao cruzamento das ruas Consolação e Oscar Freire, um dos lugares mais caros, badalados e seguros da capital, a poucas quadras da sede da CNN Brasil, na Av. Paulista.
O cenário do 'ao vivo', que já havia sido usado em entradas nas noites de quinta (21) e sexta (22), destoou das imagens da matéria gravada em Paraisópolis, uma das mais populosas favelas da maior metrópole do País, onde a covid-19 gerou forte impacto no dia a dia dos moradores.
A reportagem de Walsh ressaltou o maior risco de contaminação naquela comunidade por conta da alta densidade populacional: muita gente dividindo espaços apertados em casas, vielas e ruas.
Falou-se ainda de como a pobreza da região e a falta de atendimento médico adequado contribuíram para transformar o Brasil em novo epicentro da pandemia no planeta. O trabalho voluntário de agentes de saúde e a distribuição de refeições às famílias da região ganhou destaque.
Meia hora depois da participação do correspondente deslocado a SP, a CNN americana enfatizou a preocupação internacional com a proliferação da covid-19 no território brasileiro. O epidemiologista Larry Brilliant, cientista que ajudou a erradicar a varíola, comentou a respeito da disparada de novos casos e mortes no País.
Um telespectador estrangeiro que assiste à cobertura da CNN sobre a pandemia no Brasil — com panorâmicas de centenas de covas abertas em cemitérios públicos e imagens de UTIs lotadas — deve concluir que o paraíso tropical do futebol, do Carnaval e das belas praias é, hoje, o pior lugar do mundo para se estar.