A televisão não tem como competir com a agilidade da internet. Quando algo acontece, em poucos minutos há inúmeros posts, áudios e vídeos a respeito daquele fato em sites, blogs e plataformas como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
Antigamente, quando a gente ficava sabendo de um acontecimento importante ao longo do dia, esperava até o telejornal da noite para ter detalhes – a tal cobertura completa. Hoje, imediatamente descobrimos o que ocorreu a partir de alguns cliques no teclado do celular.
A revolução digital impõe ao telejornalismo novo desafio: oferecer ao telespectador mais do que a notícia que ele já leu online. Para garantir a manutenção de sua relevância, o jornalismo feito na TV precisa capturar o público com opiniões, análises e debates.
Foi com essa fórmula que a CNN se tornou o mais respeitado canal jornalístico do planeta. Há comentaristas dos mais variados assuntos e defensores das mais diversas ideologias.
A maioria dos programas é com tela dividida para que o âncora interaja com os especialistas – estes, não têm medo de dizer o que pensam. O noticiário ganha outra dimensão e o público recebe mais subsídios para chegar a uma conclusão.
Já o telejornalismo brasileiro, especialmente o feito nas emissoras de sinal aberto, ainda é dependente do teleprompter.
Textos burocráticos introduzem matérias rápidas com abordagem superficial. Poucos apresentadores possuem autorização para se manifestar diante das câmeras.
Espera-se que a CNN Brasil estreie fora da zona de conforto. A principal concorrente do gênero, a GloboNews, peca por ter comentaristas excessivamente convergentes. Quase não há discordância e, portanto, faltam visões diferentes a respeito dos temas abordados.
O principal âncora da nova emissora, William Waack, terá a missão de fugir da mesmice.
Com amplo domínio da política e a experiência de correspondente internacional, ele poderá oxigenar a cobertura cotidiana. Ninguém aguenta mais ver a mesma notícia apresentada de maneira idêntica em todos os telejornais. Falta abrir o foco.
Em tempo: a CNN Brasil, sob o comando do jornalista Douglas Tavolaro, será instalada em um prédio modernizado na Avenida Paulista, a poucos metros do MASP, o Museu de Arte de São Paulo. Não poderiam ter escolhido localização melhor.
Arrisco afirmar que o local será novo ponto turístico na via mais famosa da cidade. Quem vai resistir a fazer uma selfie com o letreiro da CNN Brasil ao fundo? O canal ganhará publicidade gratuita nas redes sociais. Jornalismo também precisa de marketing.