Quando foi anunciado, o projeto da CNN Brasil causou desconfiança no meio jornalístico. O principal investidor, Rubens Menin, dono da construtora MRV e do Banco Inter, nunca escondeu ser entusiasta de Jair Bolsonaro. Cogitou-se que a emissora seria aliada do presidente, uma versão brasileira da Fox News, canal americano apoiador de Donald Trump na época.
Logo após entrar no ar, em março de 2020, impulsionada pela cobertura do início da pandemia no País, a CNN Brasil se mostrou imparcial e relevante. A suspeita de ideologismo se dissipou. Hoje, a emissora é tão crítica a Bolsonaro quanto a Globo, a Band e a TV Cultura. Um de seus principais âncoras, William Waack, faz análises desfavoráveis sobre o presidente e seu governo quase diariamente.
Nesta quinta-feira (25), o surpreendente anúncio do desligamento de Douglas Tavolaro, idealizador e presidente do canal, apenas 1 ano depois da estreia das transmissões, suscita teorias e novos questionamentos. Ele vendeu a participação societária no negócio. O clã Menin passou a ser único dono da TV.
Nos bastidores das redações, a pergunta do dia é: a CNN Brasil continuará a ser independente ou vai adotar um tom bolsonarista? No momento de popularidade em baixa do presidente, sob ataque por conta da gestão do combate à pandemia, as emissoras intensificam críticas a Bolsonaro — e a audiência dos telejornais está em alta.
Mais moderna e dinâmica do que a concorrente GloboNews, a CNN Brasil apresenta maior pluralidade de opiniões entre seus comentaristas. Tomara que a mudança no comando da empresa não afete o jornalismo isento (ou o mais perto disso) oferecido atualmente aos telespectadores.