Filho de suíços, Jorge Paulo Lemann se define como um “carioca de praia”. Aos 17 anos, lamentou deixar a rotina hedonista — com direito a manhãs e tardes sob o sol no Arpoador — para cursar Economia na Universidade Harvard, no gélido estado americano de Massachusetts.
“Me formei, sem brilho, aos 20 anos”, confessou em uma palestra de 2016. Ele não se preocupou em pegar o diploma. “Acredito em uma boa educação formal, mas não a deixe matar o aprendizado da rua ou da praia, a disposição de errar, de decidir, de inovar e de tentar de novo se houver uma derrota no caminho.”
Nos últimos anos, Lemann e Joseph Safra alternavam a liderança do ranking dos mais ricos do Brasil. Com a morte do banqueiro de origem libanesa, em 10 de dezembro, o empresário praieiro assumiu o posto. Possui fortuna de aproximadamente R$ 110 bilhões. Seus principais negócios estão nos mercados de cervejaria e alimentos.
Ainda que discreto, ele não se esconde das câmeras e dos olhos do público, como fazem a maior parte dos muito ricos. Demonstra gostar de dar entrevistas a fim de contar sua experiência de altos e baixos no mundo corporativo e a peculiar visão de mundo.
Enquanto seus pares bilionários têm ‘alergia’ a jornalistas, Lemann conversa descontraidamente com revistas, jornais, TVs, blogueiros e até influenciadores do YouTube. Gosta de palestrar e responder a perguntas de plateias. Desconstrói o estereótipo de extrema frieza e autoisolamento inerente aos magnatas do capitalismo.
Fala bastante, não se leva muito a sério, admite falhas e fracassos. Jorge Paulo Lemann humaniza a figura do grande empreendedor de sucesso, do ‘fazedor’ de dinheiro. É gente como a gente, de alguma maneira. Ele afirma que o título de homem mais rico do País é uma “chateação”. “Não mudou minha alegria.”
E como vive esse personagem sui generis do mundo dos negócios? Divide-se entre Rio de Janeiro, São Paulo e uma casa em um vilarejo nos arredores de Zurique, na Suíça. A boa forma aos 81 anos é resultado de muito esporte, principalmente tênis, ciclismo e pesca submarina. Tem hábitos simples, como ir caminhando até a padaria mais próxima, e não frequenta badalação social.