Como a Globo criou uma imagem tão negativa, questiona Waack

Ex-âncora do canal aponta o erro que fez milhões de brasileiros rejeitarem a emissora mais poderosa do País

24 jun 2019 - 15h42

William Waack foi entrevistado pelo filósofo Luiz Felipe Pondé para o canal de YouTube Democracia na Teia.

O ex-âncora do Jornal da Globo, agora número 1 do canal CNN Brasil (com estreia prevista no segundo semestre), analisou a crise de imagem de sua antiga emissora.

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O veterano da comunicação afirma que a rejeição ao canal é resultado de “decisões editoriais equivocadas, por atitudes de alguns de seus executivos”.

William Waack acredita que a Globo deveria ter isso mais transparente com o público
William Waack acredita que a Globo deveria ter isso mais transparente com o público
Foto: Reprodução/YouTube

O declínio de popularidade e credibilidade teria começado na cobertura dos protestos durante o governo de Dilma Rousseff.

“Desde 2013, a Globo não foi capaz de entender que, enquanto buscava aplausos de grupos de esquerda, pagos com dinheiro público desviado para destruí-la, uma parcela crescente da população brasileira passava a ver a emissora como mais uma ferramenta de perpetuação da miséria e da ignorância intelectuais e políticas no Brasil, porque é assim que ela ganha dinheiro.”

Waack, que trabalhou no canal da família Marinho entre 1996 e 2017, questiona a condução da empresa. “Como é que um grupo privado, lucrativo, bem organizado, que vive da imagem, consegue se colocar numa imagem tão negativa?”

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Na opinião do jornalista, a Globo errou ao não ser transparente com o telespectador em relação aos seus ideais e interesses políticos.

“Acho importantíssimo numa democracia representativa que os grandes grupos de comunicação tenham suas opiniões e as defendam”, argumentou.

Questionado por Pondé se concorda com a afirmação do presidente Jair Bolsonaro de quem toda a mídia é petista, William Waack ponderou.

“Muitos (jornalistas) pensam com esse submarxismo rastaquera típico de instituições acadêmicas brasileiras sem nem sequer saber”, afirma.

“Mas não acho que a imprensa brasileira em geral seja tão manipuladora, tão enviesada, tão irresponsável como os seus autoinimigos declarados dizem. O que eu acho é que boa parte do público não encara mais essas instâncias como uma referência à qual pode recorrer quando quer averiguar a veracidade objetiva dos fatos.”

Pondé e Waack: “No jornalismo, a tecnologia facilitou a mediocridade”
Foto: Reprodução/YouTube

Mesmo admitindo que o País conta com uma imprensa “viva, crítica, sólida, atuante”, o âncora condena o politicamente correto no jornalismo.

“O politicamente correto é uma narrativa da realidade por interesses políticos de grupos determinados. Mas isso consegue ter um verniz de que é bonitinho, bom, positivo, progressista, que sinaliza um avanço. Não sinalizou avanço coisa nenhuma. O Brasil continua tão injusto, tão desigual, tão racista como sempre foi.”

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Foi por um comentário considerado racista, feito enquanto aguardava para entrar no ar, que Waack deixou a Globo, no final de 2017.

Ainda na entrevista ao Democracia na Teia, o ex-correspondente internacional criticou a atuação da maioria dos repórteres de telejornais.

“Você vê um repórter sentado na rua, esperando alguém da redação dizer no celular dele o que ele vai ter que falar para a câmera. Isso na minha época era inimaginável. O cara está lá e um gênio qualquer, confortavelmente no ar-condicionado, tá dizendo para o trouxa o que ele vai falar ou não. Quando isso acontece, acabou (o jornalismo).”

Na visão de William Waack, “a moderna tecnologia de comunicação facilitou a mediocridade”. 

“Quando eu comecei não havia celular; tinha mais rua, mais contato com a realidade.”

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