Domingas Person, a estrela da transmissão do Oscar no Brasil

Apresentadora se destaca pelo carisma ao narrar a grande festa do cinema

22 fev 2017 - 11h52
(atualizado às 12h22)

Atriz, apresentadora e jornalista, Domingas Person comanda a transmissão do Oscar no canal TNT. No próximo domingo (26), os telespectadores vão acompanhar sua narração sempre agradável e pertinente da premiação mais badalada de Hollywood.

Artista com sólida carreira no teatro e na televisão, ela conversou com o ‘Sala de TV’ do Terra a respeito do evento e outros temas relacionados à paixão pela sétima arte.

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Domingas Person já trabalhou na TV Cultura, Fox, Canal Brasil, entre outras emissoras
Domingas Person já trabalhou na TV Cultura, Fox, Canal Brasil, entre outras emissoras
Foto: André Seiti/Itaú Cultural / Divulgação

Depois de alguns anos ancorando transmissões de prêmios importantes, ainda sente ansiedade? 

Fico ansiosa! É igual à tensão de uma estreia. Tem a contagem regressiva, a sincronização e a concentração total, afinal os eventos são em inglês, nem tudo está no roteiro. E é uma novidade, já que sempre estive à frente das câmeras e agora é só a minha voz no ar. É como narrar um jogo de futebol, tudo pode acontecer! Quando o Steve Harvey anunciou a Miss Universo errada no ano passado, por exemplo, ficamos chocados como os espectadores – e foi o que comentamos no ar.

Seu estilo de transmitir é leve e bem-humorado, sem perder o foco na informação. Como chegou a esse formato?

Obrigada, considero um elogio, pois tento não abandonar o meu jeito. Acho que assim a gente sintoniza melhor com as pessoas. Esta é a minha área, trabalho há mais de quinze anos falando de cinema, televisão e música, é o que eu gosto de fazer. Aí é um grande exercício ser pontual na minha participação, porque tem os comentaristas, a tradução simultânea e o tempo é curto mesmo.

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Qual é sua relação com Atlanta, de onde comanda as transmissões?

Já trabalhei muito em tapetes vermelhos, em diversos eventos, contando com a sorte para grandes estrelas toparem as entrevistas, torcendo para a produção trazer gente legal. Mas é muito estressante! Confesso que prefiro trabalhar na cabine de som, de onde transmitimos os prêmios. No meu caso, fico nos enormes e fantásticos estúdios da Turner em Atlanta (no estado americano da Georgia), com toda a estrutura. Lá recebemos os roteiros, estudamos, pesquisamos. Atlanta é uma cidade muito bonita, e me hospedo no centro, onde os arranha-céus convivem com aquelas típicas casas americanas; bem ali fica o Piedmont Park, um lugar lindo para passear e fazer exercício. A cidade está recebendo muitas produções nos seus estúdios, porque é mais barata que Los Angeles e Nova York, então muitos filmes e séries estão rolando por lá.

A apresentadora nos estúdios da Turner, em Atlanta, de onde narra o Oscar
Foto: Facebook/@domingasperson / Reprodução

Como é a preparação para o Oscar? Assiste a todos os filmes?

Ah, o Oscar... o ponto alto da Temporada de Premiações. Depois de apresentar os prêmios que vêm antes dele, o Critics Choice, o Sags, o Golden Globes, já estamos ‘amaciados’ e mais preparados. No meu primeiro ano de transmissão fiquei desesperada porque não tinha visto todos os filmes – o que não é fácil: muitos estreiam em cima da hora, outros nem chegam ao Brasil. Agora assisto no avião, no hotel em Atlanta, vou ao cinema lá, duas ou três sessões seguidas. Além disso, são pesquisas intermináveis para saber todos os detalhes sobre as produções, os atores, os diretores, os apresentadores!

Tem algum cuidado especial com a voz antes das transmissões?

Faço o básico: tento dormir e comer bem, já que é uma viagem internacional e vivemos saindo e entrando de ar-condicionado e calefação, o que pode acabar com a voz se sua imunidade estiver baixa. Durante a transmissão bebo água e chá para manter as cordas vocais hidratadas e logo antes de ir ao ar, faço alongamento e exercícios de dicção para entrar já aquecida.

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Você, como atriz, já se imaginou ganhando um Oscar? Caso fosse premiada, como seria seu discurso?

Um discurso no Oscar? Que sonho... Aí eu teria que me ausentar da transmissão, rs. Falaria sobre meu pai (o cineasta Luiz Sérgio Person), seu legado e influência na minha vida e da minha irmã Marina (Person), e de como eu gostaria que o cinema brasileiro crescesse a ponto de ser reconhecido aqui e mundialmente – imaginando que eu seria premiada pela participação de um filme nacional.

Como é a interação com Rubens Ewald Filho nos bastidores e durante as transmissões?

Conheci o Rubens quando trabalhei no Telecine, no Festival de Cinema de Veneza, há muitos anos. É o cara que assistiu mais filmes e séries que eu conheço. A gente se dá bem porque gosto muito de perguntar, de ouvir opiniões e de questionar também. E ele tem a visão de quem acompanha a indústria e as premiações há mais de três décadas. Tento ser boa parceira, complementando com informações, dados curiosos, notícias de bastidores.

Seu pai foi um dos mais talentosos cineastas do Brasil, mas as novas gerações o conhecem pouco. O que acha dessa falta de memória em relação às artes e aos artistas?

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Valorizar a nossa cultura e despertar a paixão pelos nossos artistas e nossa arte também é tarefa nossa, dos jornalistas e comunicadores. Sobre o Person, em particular, ano passado minha irmã, minha mãe (a também cineasta Regina Jeha) e eu fizemos a ‘Ocupação Person’ junto com o fantástico Instituto Itaú Cultural; uma exposição que levou muita gente a conhecer o trabalho dele no cinema, no teatro e na publicidade. E quem quiser, pode assistir a seus filmes mais famosos, ‘São Paulo S.A.’ e ‘O Caso dos Irmãos Naves’, e ‘Person’, o documentário da Marina, em DVD ou no YouTube.

O que diria a um jovem iniciante na carreira de ator? Vale a pena sonhar com o glamour do Oscar?

Ser ator exige estudo, leitura, referências, dedicação. É preciso estrutura mental e coragem para acessar estados emocionais diversos. Tem que ser você mesmo. E lidar com o fato de que muitas vezes você não é escolhido para um trabalho por questões alheias ao seu talento. Glamour é um mito. Pouquíssimos terão sucesso, fama, glória. Mas se você não puder viver sem esse sonho, vá em frente! O grande poeta Rainer Maria Rilke – aliás, uma referência essencial para quem quer ser ator ­– já dizia isso.

O cineasta Luiz Sérgio Person, cena de '2046' e o ator Ivo Müller
Foto: Divulgação / / Reprodução

Pingue-pongue:

- Um filme estrangeiro: ‘2046’, do Wong Kar-Wai.

- Um filme brasileiro: ‘São Paulo S.A.’, do meu pai (Luiz Sérgio Person).

- Um diretor: David Lynch (‘Veludo Azul’, ‘Cidade dos Sonhos’, entre outros).

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- Ator e atriz com quem gostaria de dividir cena: com Kate Winslet e Ivo Müller, meu marido, que é ator e está rumando para uma carreira internacional.

- Qual atriz escalaria para interpretá-la numa cinebiografia: cinebiografia minha? rs. Eu mesma!

.Se pudesse dar um Oscar a um artista, seria para quem: aos brasileiros com carreira em Hollywood: Alice Braga, Wagner Moura e Rodrigo Santoro, além do diretor de fotografia Adriano Goldman, que está na série ‘The Crown’. E ainda acho que a Fernandona (Fernanda Montenegro) tinha que ter levado naquele ano por ‘Central do Brasil’!

- O melhor filme do Oscar 2017: ‘Moonlight’, de Barry Jenkins.

(A maratona de transmissão do Oscar no canal TNT começa às 21h de domingo, dia 26.)

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