A revelação à família de que Félix (Mateus Solano) roubou e descartou a sobrinha bebê numa caçamba em Amor à Vida.
O suicídio de Carolina (Drica Moraes) após flagrar o marido na cama com a filha dela em Verdades Secretas.
O retorno triunfal de Clara (Bianca Bin) diante de seus inimigos em O Outro Lado do Paraíso.
As três situações descritas fazem parte da obra dramatúrgica de Walcyr Carrasco, autor de A Dona do Pedaço.
Ele se tornou craque em deixar o telespectador ansioso por momentos decisivos em suas novelas. Quem não se empolga a espiar um ápice dramático ou uma reviravolta?
No momento, milhões de brasileiros estão na expectativa pela reação de Maria da Paz (Juliana Paes) ao pegar o marido Régis (Reynaldo Gianecchini) nos braços da filha dela, Josiane (Ágatha Moreira).
Não é à toa que os folhetins assinados por Carrasco estão entre as maiores audiências da teledramaturgia da Globo nesta década.
Há o resgate da curiosidade pelo capítulo seguinte e a consequente repercussão na imprensa e nas conversas cotidianas.
Todo mundo sabe o que vai acontecer porque a própria emissora divulga os detalhes da trama, porém, prevalece o ‘quero ver para crer’ — e isso impulsiona a audiência.
Carrasco é bastante criticado pela falta de sofisticação no enredo e no texto. Apresenta situações esdrúxulas, soluções mirabolantes e diálogos didáticos. Atinge o que pretende: captura a atenção do público.
Sintomático que o popular e profícuo Walcyr Carrasco emplaque sucesso atrás de sucesso enquanto autores intelectualizados e requintados — tais como Gilberto Braga e Manoel Carlos — tenham desistido de escrever novelas após fracassos de audiência.
Com 78 capítulos exibidos, A Dona do Pedaço registra 33 pontos de média no Ibope, quatro a mais do que a antecessora O Sétimo Guardião. Um sucesso robusto que fortalece a Globo e a deixa com uma liderança ainda mais confortável.