Um abraço, foi apenas um abraço. Mas um gesto extremamente simbólico contra o preconceito e a desumanização de certos grupos na sociedade.
No Fantástico, Dr. Drauzio Varella se solidarizou com uma detenta transexual portadora do vírus HIV que não recebe visita de parente ou amigo há 8 anos. "Solidão, né, minha filha", constatou o médico. "Bastante... Bastante", concordou Susy de Oliveira Santos, 30 anos, com os olhos cheios de lágrimas.
Encarcerada em São Paulo, ela comentou a respeito da dificuldade de uma transexual conseguir itens básicos para viver com alguma dignidade atrás das grades.
"Na cadeia você é obrigada a se prostituir por uma pasta de dente, um sabonete, um prato de comida", explicou. Hoje, Susy trabalha como operária na produção de componentes de borracha no presídio.
O momento de humanização (raro no telejornalismo) e de empatia (cada vez mais incomum entre as pessoas no dia a dia) repercutiu nas redes sociais.
Um dos papéis da TV aberta — concessão pública que gera milhões em lucro a empresas privadas — é justamente dar visibilidade às camadas mais profundas e ignoradas da população.
Essa gente anônima não parece nas novelas, nos talk shows, nos programas de auditório. São pessoas cuja existência é desimportante para a mídia. O Fantástico acerta ao regularmente dar espaço a tais histórias de vida com grandes lições ao público.
Um dos primeiros médicos a tratar pacientes de Aids no Brasil e voluntário em cadeias há mais de 30 anos, Drauzio Varella presta valioso serviço aos telespectadores com suas matérias especiais e séries a respeito de saúde pública.
Destaque para a abordagem do vício em cigarro e do combate à depressão. Na última edição do Fantástico, ele foi ouvido também sobre fake news de possível prevenção ou cura do coronavírus.
Sincerão, Dr. Drauzio ironizou quem acredita, por exemplo, ser possível eliminar do corpo o novo vírus causador de infecção respiratória tomando whisky com mel. "Quem gosta de beber acha qualquer desculpa para continuar enchendo a cara", debochou o médico. "Tenha dó, né."