Você certamente conhece alguém que acha saber bem mais do que a maioria a respeito de determinado assunto ou situação. Mas, no fundo, essa pessoa possui conhecimento raso. Cedo ou tarde, a limitação fica explícita e a incompetência gera resultado pífio.
O pior é que o ‘sabichão’ realmente acredita dominar o tema e alardeia superioridade ilusória que pode ser facilmente desconstruída. Esse autoengano vexatório foi amplamente estudado pelos psicólogos sociais americanos Justin Kruger e David Dunning, da Universidade Cornell, no estado de Nova York.
O fenômeno de falsa supremacia de conhecimento recebeu o nome de Efeito Dunning-Kruger em referência aos dois professores-pesquisadores. Além de não perceber e reconhecer que sabem bem menos do que propagam, os afetados por essa circunstância se mostram incapazes de administrar as consequências negativas de seus equívocos. Em resumo, um desastre pessoal.
Tal distorção de si mesmo e da realidade se fez perceptível em vários participantes de edições recentes do Big Brother Brasil. Depois de assistir a tantas temporadas, muitos participantes entram na casa crentes de que são jogadores engenhosos e imbatíveis. Em poucos dias se revelam confusos e passam a insistir em estratégias capengas. Não enxergam a dinâmica da competição nem compreendem as ações do público votante.
A insciência quase sempre conduz brothers e sisters autoenganados a uma eliminação constrangedora. Saem do reality show desnorteados, ainda sem entender o que deu errado e apresentam explicações pouco convincentes na tentativa de minimizar os danos à própria imagem. Foi o que aconteceu, neste BBB21, com Karol Conká e Nego Di. A presunção fez acreditarem que eram os mais populares e líderes no jogo.
Ambos sofreram choque de realidade ao sair do confinamento e perceber o mal que fizeram a si mesmos a partir de declarações, comportamentos e artimanhas reprovados por quem os observava e julgava. Esse perfil de jogador costuma recorrer a clichês como justificativa. “Essa Karol que estava lá dentro não sou eu”, argumentou Conká.
Em desabafo na internet, Nego Di chegou a uma conclusão que emoldura a teoria do Efeito Dunning-Kruger (que pode, em algum momento da vida, vitimar qualquer um de nós, do menos ao mais capacitado): “Eu vejo que, quanto mais as pessoas ficam lá dentro, mais elas se afundam nos próprios erros, nas atitudes e escolhas erradas”, disse. Os ‘vilões’ do ‘Big21’, assim como os ‘Chernoboys’ do ‘BBB20’, foram os piores inimigos deles mesmos e pagaram caro pela autossabotagem inconsciente.
Com formação em Psicologia, Lumena teve tempo de ‘acordar’: chegou a compreender a realidade do jogo e até deu sinais de arrependimento pelos impulsos agressivos que tanto incomodaram dentro e fora da casa. Tarde demais. A profunda antipatia produzida no público resultou em eliminação com 61,31% dos votos. Difícil reverter em poucos dias a má impressão projetada da tela para as redes sociais e o ‘boca a boca’ ao longo de várias semanas.
No domingo (28), ao ser confirmada no paredão, ela intuiu o seu ‘game over’ no mais controverso e tenso Big Brother Brasil dos últimos tempos. “Caí em ciladas que jamais imaginei encontrar aqui no programa. Ciladas profundas emocionais que me desorganizaram”, afirmou a DJ na conversa com Tiago Leifert. É a terceira que sai traída pelo autoengano — e não será a última.