"O dinheiro não só fala, como faz muita gente calar a boca", escreveu o sábio jornalista e humorista Millôr Fernandes. A briga pela herança de Gugu Liberato poderia ter sido resolvida sob sigilo, longe dos holofotes da mídia e da vitrine dos tribunais. Mas na falta de acordo gerou visibilidade negativa a todos os envolvidos — especialmente ao apresentador morto aos 60 anos, em novembro. Neste caso, o dinheiro em disputa não apenas fala: ele grita.
O confronto entre a médica Rose di Matteo, mãe dos três filhos do comunicador, e a família dele suscitou excessiva curiosidade a respeito da vida privada de Gugu. Passou-se a discutir abertamente em público e na internet sua sexualidade.
Novo episódio alimenta ainda mais essa bisbilhotice: a divulgação em portais e redes sociais da identidade de hipotético namorado do apresentador, com quem ele viajou a Singapura dias antes do acidente doméstico fatal na Flórida.
A assessoria de Gugu nega tal ligação amorosa. Afirma que eram apenas amigos. O blog se reserva o direito de não expor o nome e a imagem do homem envolvido nessa onda de fofoca. Afinal, sendo verdade ou mentira, trata-se de invasão de privacidade.
Independentemente das versões sobre o vínculo entre o apresentador e o rapaz, cabe lamentar que o descontrole a respeito de uma questão meramente financeira afete a imagem e a memória de um dos artistas mais respeitados e queridos da história da televisão brasileira.
Gugu não merecia esse ataque desnecessário e vexatório. Por outro lado, isso acontece exclusivamente pelo polêmico testamento que ignorou aquela que foi apresentada como sua companheira de vida nos últimos 25 anos.
Sem querer, o apresentador provocou com sua morte uma crise entre as pessoas que ele tanto preservou em vida.
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