Em latim, um ano com excesso de acontecimentos dramáticos é descrito como ‘annus horribilis’. A rainha Elizabeth declarou ter vivido essa situação em 1992, quando o terremoto produzido pelo divórcio de Charles e Diana sacudiu a realeza britânica, e um incêndio destruiu parte do Castelo de Windsor, uma das propriedades preferidas da monarca.
Dez anos depois, aconteceu outra vez: a soberana perdeu em intervalo de apenas 50 dias a única irmã, princesa Margareth, e a rainha-mãe Elizabeth. Este 2019 também entra para a galeria de piores períodos do reinado de Elizabeth. Ela testemunha vários abalos em seu clã.
O terceiro filho, príncipe Andrew, 59 anos, foi obrigado a deixar as funções oficiais em consequência de envolvimento em um escândalo. Ele enfrenta acusação de ter feito sexo com uma menor de idade em 2001.
Na época, o duque de York era um dos melhores amigos do magnata americano Jeffrey Epstein, condenado por tráfico sexual de menores. Com fama de mulherengo, Andrew teria se envolvido com garotas aliciadas pelo bilionário que cometeu suicídio na prisão, em agosto.
O príncipe, que é pai de duas jovens – as princesas Beatrice, 31 anos, e Eugenie, 29 – tentou se redimir em uma entrevista ao canal BBC. Deu errado: suas explicações não convenceram ninguém e aumentou a reprovação a ele entre os súditos.
Decepcionada com aquele que sempre foi visto como seu filho favorito, a rainha Elizabeth ordenou que Andrew se afaste dos holofotes. Deve se autoexilar em algum castelo distante de Londres para evitar mais danos à imagem da família.
A líder da dinastia Windsor tem outro problema a resolver entre os descendentes. Seus netos, os irmãos-príncipes William e Harry, filhos de Charles e Diana, estão rompidos. O motivo, de acordo com alguns tabloides ingleses, seriam as intrigas lançadas por Meghan Markle, mulher de Harry.
A ex-atriz da série Suits é acusada de manipular o marido e exigir que ele saia da sombra do irmão, que é herdeiro direto do trono. Por pressão da duquesa de Sussex, o príncipe ruivo aceitou festejar o Natal longe do irmão e da avó. Pela tradição, o primeiro filho de Harry e Meghan, Archie, nascido em maio, teria que passar a data ao lado da rainha.
Para completar este ‘annus horribilis’, Elizabeth 2ª viu a terceira temporada da série The Crown, da Netflix, reacender antigo boato sobre suposto flerte da rainha – interpretada pela ganhadora do Oscar Olivia Colman – com Lorde Porchester (John Hollingworth), seu fiel administrador de cavalos ao longo de décadas.
No episódio Coup (Golpe), os dois são mostrados em clima de encantamento mútuo durante viagem de um mês por França e Estados Unidos. Essa aproximação desperta ciúme no marido da rainha, príncipe Philip (Tobias Menzies). A insinuação de romance extraconjugal de Sua Majestade horrorizou parte dos britânicos. Lorde Porchester morreu aos 77 anos, em 2001. Teve Elizabeth como amiga até seus últimos dias.
Os admiradores da mais famosa e longeva rainha esperam que, em 2020, ela recorra ao latim para usar outra expressão, ‘annus mirabilis’, ou seja, a descrição de um ano maravilhoso.