O mundo mudou significativamente nos últimos dez anos. No Brasil, a questão da transexualidade ganhou visibilidade com personagens de destaque em novelas, a exemplo de Ivan/Ivana (Carol Duarte) em ‘A Força do Querer’, e por meio de personalidades midiáticas como a cartunista Laerte.
A militância de famosos como a cantora Liniker, a youtuber Luisa Marilac e o influenciador e político Thammy Miranda contribuíram na luta contra a transfobia. Agora, uma década depois de surgir no ‘Big Brother Brasil’, Ariadna Arantes será melhor compreendida pelo público. Ela faz parte do elenco de 'No Limite', reality de resistência física que estreia em 11 de maio.
Há uma década, ela participou do ‘BBB11’. Saiu no primeiro paredão, com 49% dos votos, pouco depois de revelar sua identidade sexual a alguns colegas de confinamento. “Eu sou mulher e ponto final”, disse. “Estou muito feliz por entrar aqui e fazer a história do ‘Big Brother’.” Na época, o fato de ser trans e não ter contado a todos logo de cara serviu de explicação para a saída precoce.
Impossível não afirmar ter havido preconceito. Parte relevante dos telespectadores certamente enxergou na cabeleireira (hoje maquiadora e influencer) os clichês associados a tudo o que se difere da heteronormatividade. A televisão falava pouco sobre pessoas trans. Preferiram eliminá-la a conhecê-la — e manter a visão pejorativa sobre o assunto e esse perfil de cidadãos.
Assistimos à evolução dos tempos e das mentes, mas Ariadna ainda enfrenta discriminação. Pouco tempo atrás, reclamou das dificuldades como criadora de conteúdo em redes sociais. Acredita que, por ser transexual, não consegue parceria com grandes marcas. Outra queixa foi por ser “usada” pela imprensa em matérias que geram audiência e receita sem que receba nada por isso.
Em entrevistas, Ariadna disse que aceitaria voltar ao ‘Big Brother Brasil’. Estar entre os 16 competidores de ‘No Limite’ poderá ser tão produtivo quanto. Se for bem assessorada, ela vai conseguir impulsionar a carreira e terá bons ganhos. Poucos ex-participantes de reality show tiveram uma segunda chance. A primeira e até agora única transexual no ‘BBB’ pode criar o legado renegado a ela 10 anos atrás.