Dia acalorado no plenário da CPI da Covid. Sob suspeita de ter feito lobby no governo em benefício de empresas de medicamentos, como a Precisa, o advogado Marconny Albernaz irritou os senadores que fazem oposição a Jair Bolsonaro.
Contrariado por não conseguir respostas objetivas, já que o depoente se valeu do direito de ficar calado, Randolfe Rodrigues fez um discurso enfático para atacar o ex-ativista do movimento anticorrupção Vem Pra Rua e amigo do filho Zero Quatro, Jair Renan.
“Esse é o arquétipo do governo Bolsonaro. Da porta pra fora, combate à corrupção. No governo, essa estrutura montada (de suposto tráfico de influência). O senhor Marconny é uma síntese de um capítulo muito triste da nossa história”, disse o vice-presidente da comissão, gesticulando.
“Me permita, senhor presidente, colegas senadores... Ao ver o seu depoimento, senhor Marconny, eu só lembro daquele trecho da música de Cazuza: “Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro, transformam o País inteiro num puteiro, pois assim se ganha mais dinheiro.”
A canção citada é ‘O Tempo Não Para’, composta por Cazuza e Arnaldo Brandão, parte do álbum homônimo lançado pelo cantor em 1988. Poética e profética, a música é uma crítica sarcástica contra a política, a mídia e a sociedade em geral.
Em 1991, a Globo usou a música como tema da vinheta de abertura de ‘O Portador’, primeira minissérie brasileira a falar abertamente sobre a Aids. O protagonista Léo (Jayme Periard) contrai o vírus HIV e começa uma batalha contra o relógio pela vida. Cazuza havia morrido no ano anterior, vítima da doença.
Diz um trecho na trilha da minissérie: ‘Eu vejo o futuro repetir o passado / Eu vejo um museu de grandes novidades / O tempo não para / Não para, não, não para’. Todas as mensagens na letra de ‘O Tempo Não Para’ são mais atuais do que nunca.