Enquanto o presidente Jair Bolsonaro evita a imprensa por acusá-la de "abordagem antiprofissional", seu vice Hamilton Mourão dá show de carisma e comunicabilidade no trato com os repórteres.
Desde o início do mandato, e especialmente durante os dias em que exerceu a Presidência, o general da reserva fez questão de atender a imprensa para esclarecer dúvidas a respeito de medidas do governo e, de quebra, tentar amenizar as polêmicas que ofuscam a gestão federal.
Ao longo da campanha, Mourão ganhou visibilidade por conta de declarações controversas, como a de que seu neto de pele clara contribuía para "o embranquecimento da raça", de que lares só com mães e avós seriam "fábricas de desajustados" e uma crítica ao 13º salário interpretada como ameaça aos direitos trabalhistas.
Esse papel de polemista oficial agora é desempenhado pela ministra de Mulheres, Família e Direitos Humanos, Damares Alves.
O vice-presidente se mostra adaptado à função de estadista. Passou a escolher melhor as palavras e recorrer à diplomacia mesmo quando fala de adversários ideológicos, como o deputado federal agora autoexilado Jean Wyllys.
Em um governo que abomina a imprensa tradicional e reage mal às críticas, Hamilton Mourão se tornou, quem diria, a figura mais sociável com os jornalistas que cobrem o Poder Executivo.
Errou quem pensou que o vice falastrão teria um papel meramente decorativo em Brasília. A influência midiática do general cresce a cada dia.